Colman Domingo, que já deu um show em “A Cor Púrpura”, está sendo indicado pelo Oscar de melhor ator por está belíssima produção, onde ele é Divine G, prisioneiro de Sing Sing por um crime que ele diz não ter cometido e que encontra um propósito ao participar do grupo de teatro RTA (Rehabilitation Through The Arts ou Reabilitação Pela Arte).
O detalhe é que o RTA existe em Sing Sing e com exceção de Domingo e seu melhor amigo Sean San Jose que interpreta um dos presos, TODOS os personagens do grupo são membros antigos ou atuais do RTA, isto é, estão ou já passaram pela instituição prisional do título.
A trama cria corpo quando entra um novo prisioneiro, Divine Eye (Clarence Maclin interpretando a si próprio) e desestabiliza o grupo por não acreditar no propósito.
O desenrolar dos eventos vai revezando entre a história em si e imagens de arquivo do próprio RTA verdadeiro, onde é possível ver, principalmente nas cenas dos créditos, alguns dos próprios “atores” em momentos reais.
Até o título é inteligente, já que Sing Sing, além de ser o nome verdadeiro do presídio de segurança máxima, também se traduz como o verbo cantar, ato característico de produções teatrais.
O diretor Greg Kwedar encontra o tom certo para contar a história, deixando a emoção florescer organicamente sem fazer propositalmente um filme pesado. Pelo contrário, o filme parece resplandecer esperança mesmo em seus momentos mais conflituosos.
Colman Domingo está digno de suas indicações, mas surpreende também o elenco coadjuvante quase amador (“quase” porque eles são ou foram do RTA) que está afinadíssimo, principalmente Clarence Maclin, que talvez tenha uma jornada emocional tão intensa e relevante quanto o protagonista.
“Sing Sing” é o cinema encontrando a esperança sem precisar de artifícios e potencializando a si mesmo por ser uma história real. Obrigatório.
Curiosidades:
- O personagem Divine G de Colman Domingo existe de verdade. Ele faz uma participação no início do filme ao pedir um autógrafo.
- O fato de ambos os personagens principais terem o apelido começando por Divine é mera coincidência.
- As cenas de arquivo usadas no início foram gravadas nas audições reais para o casting do filme.
- Todos os membros do filme, elenco, equipe, produtores, receberam o mesmo salário e receberam participações pelo filme na proporção de sua colaboração nas 5 fases: desenvolvimento, preparação, produção, pós-produção e promoção.
- De acordo com as estatísticas, o RTA faz mesmo a diferença: a taxa de reincidência em prisões americanas é de 60%. Para os que participaram do RTA, é de apenas 3%.
Ficha Técnica:
Elenco:
Colman Domingo
Clarence Maclin
Sean San Jose
Paul Raci
David Giraudy
Patrick Griffin
Mosi Eagle
James Williams
Sean Dino Johnson
Direção:
Greg Kwedar
História e Roteiro:
John H. Richardson
Brent Buell
Clint Bentley
Greg Kwedar
Clarence Maclin
John Divine G Whitfield
Produção:
Clint Bentley
Greg Kwedar
Monique Walton
Fotografia:
Pat Scola
Trilha Sonora:
Bryce Dessner
