Um dos melhores filmes do ano passado é uma animação e só não entrou na lista dos TOP 10 porque só vimos na virada do ano e talvez seja a melhor animação da produtora Dreamworks que, com isso, compete de igual com a Pixar.
Um robô chamado Rozz, de uma linha de máquinas utilitárias para serviços domésticos e braçais cai de uma nave no meio de uma floresta e, segundo sua programação, tenta realizar tarefas para todo ser vivo que vê pela frente. Mas o robô foi feito para humanos e não para animais.
O primeiro ato desenha todo o brilhantismo que há de se seguir: a natureza é “real” onde animais caçam e matam, fogem e se sentem ameaçados, enquanto o robô não consegue realizar tarefas.
Como não tem sentimentos, traça uma estratégia inusitada: usa seu extenso banco de dados de IA para aprender a linguagem dos animais e assim se comunicar com eles para entender suas necessidades e assim se tornar útil. Bingo: o espectador já consegue entender o que os animais dizem. Então um acidente o faz com que Rozz encontre um filhote de ganso que, por uma deformidade, não consegue voar, fazendo disso sua missão. É aí que a sua programação começa a mudar.
Quis detalhar um pouco mais da premissa, pois a essência da obra se fixa no desafio de mudar a natureza das coisas, sejam elas robôs (inicialmente) “sem vida”, sejam animais que já tem um código genético programado.
O diretor Chris Sanders, responsável pelo sensacional “Os Croods” conduz a transição de um cenário bruto e caótico como a própria natureza é para outro de personagens com emoções e propósitos de forma tão natural que dificilmente se encontra em qualquer outro filme (talvez lembre o irretocável “Wall-E”).
Tecnicamente não há mais produtoras de vanguarda, pois a fotografia encantadora e todos os detalhes dos personagens e cenário coloca os três principais estúdios de animação em CGI – Disney/Pixar, Illumination e Dramworks – no mesmo patamar.
A partir do meio do filme, algumas interessantes reviravoltas acontecem mudando drasticamente o tom e ritmo e conseguindo abraçar uma gama de emoções, com mais ação dos que se esperaria, para um desfecho mais realista que a expectativa e, por isso mesmo, original e emocionante.
“Robô Selvagem” conquista crianças e adultos com uma premissa bastante inteligente e uma construção emotiva sem igual em seus personagens.
Curiosidades:
- Rozz é o nome abreviado do Robô. O nome completo é Rozzum que vem de uma peça de teatro de 1920 chamada “Rossum’s Universal Robots” escrito pelo Tcheco Karel Capek, sendo que ele e seu irmão foram os inventores da palavra robô.
- O processador de Rozz se chama Alpha – 113, referência à sala A113 do Instituto de Artes da Universidade da Califórnia de onde saíram grandes diretores como Chris Sanders. É a primeira vez que esse Easter Egg é usado fora de um filme da Pixar.
- O outro robô que Rozz acha numa caverna se chama Rozzum 626. É outro Easter Egg, dessa vez de Lilo & Stich, primeiro filme dirigido por Sanders. Stich era classificado como Experimento 6262.
Ficha Técnica:
Elenco:
Lupita Nyong’o
Pedro Pascal
Kit Connor
Bill Nighy
Stephanie Hsu
Matt Berry
Ving Rhames
Mark Hamill
Catherine O’Hara
Boone Storm
Alexandra Novelle
Raphael Alejandro
Paul-Mikél Williams
Eddie Park
Direção:
Chris Sanders
História e Roteiro:
Chris Sanders
Produção:
Jeff Hermann
Fotografia:
Chris Stover
Trilha Sonora:
Kris Bowers