Prometheus

Um dos filmes mais esperados do ano, pelo menos para os fãs da ficção científica e principalmente da franquia iniciada por “Alien – O Oitavo Passageiro” de 1979 que, mesmo sendo apenas o segundo filme do na época iniciante Ridley Scott, acabou por definir o gênero terror no espaço. Ao ser questionado se o filme era uma pré-sequência de “Alien”, o diretor se desviava dizendo que era uma história totalmente nova. Respondendo as duas perguntas: É uma história totalmente nova? Sim. É uma pré-sequência de “Alien”? Sim.

É notável que mesmo sendo uma história nova, a estrutura de ambos os filmes é semelhante: aqui também uma nave vai explorar um planeta desconhecido e se depara com uma ameaça mortal. A Ripley de “Prometheus” é Elizabeth interpretada pela nova queridinha de Hollywood Noomi Rapace que foi revelada com um personagem parecido, a Lisbeth de “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”. Ela é uma arqueóloga que descobre indícios da nossa criação por extraterrestres, inclusive com um mapa direcionando a um planeta desconhecido que pode ou não abrigar nossos criadores.

A empresa que financia essa expedição é a mesma Weyland Industries dona da Nostromo que anos mais tarde abrigaria Ripley e sua turma (até então a primeira ligação com “Alien”). Na nave Promeheus, além dela e de alguns coadjuvantes sem tanta importância, também temos a pessoa da empresa cheia de más intenções (Charlize Theron interpretando a mesma bruxa má de “Branca de Neve e o Caçador”) e o androide de objetivos nebulosos, o também atual queridinho Michael Fassbender de “À Toda Prova”.

Sendo uma mistura de “Alien” com “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, Scott muda um pouco o rumo da narrativa dando um destaque às atitudes dos seres humanos como catalisador de praticamente toda a ação no filme. Traz um interessante discurso filosófico sobre a humanidade representada na equipe da nave rumando à sua própria extinção pelas suas decisões equivocadas e maléficas e como os nossos criadores diferem (ou não) no momento da criação ou destruição. Essa discussão ainda é insuflada pelo melhor personagem em cena, o androide David (Fassbender).

E quanto à ação, sim, logo no início já somos informados que fomos criados por seres de outro planeta e toda a trama envolvendo os tais seres se baseia em perguntas que infelizmente não são bem respondidas como “O que eles queriam quando nos criaram?” e “Porque que eles tomam determinada atitude (não posso revelar) descoberta mais adiante pela equipe?” O roteiro também contém algumas inconsistências incômodas como os próprios sinais encontrados por Elizabeth na Terra que não parecem fazer sentido algum depois que descobrimos o objetivo dos tais criadores ou Engenheiros como são chamados; ou ainda a cena onde um personagem contaminado luta com vários outros, sendo que em momento nenhum a tal contaminação produziria esse efeito (ou pelo menos não é coerente com o contexto), passando a impressão que a cena existe apenas pra matar alguns personagens descartáveis; ou ainda o motivo que leva David a dar uma bebida contaminada a Charlie, namorado de Elizabeth.

Por outro lado, as cenas de ação são épicas, sendo que a cirurgia desempenhada pela própria protagonista é desde já, antológica, mesmo que difícil de engolir. O design de produção é simplesmente sensacional e consegue uma atmosfera que mistura a claustrofobia com a grandiosidade de um planeta.

E a ligação com a franquia “Alien”? O mais engraçado é que essa ligação é muito mais bem explicada do que a própria história de “Prometheus”, com detalhes que deixarão os fãs eletrizados nos segundos finais. Apesar de estar longe de definir o gênero, “Prometheus” cumpre o que promete (sem trocadilhos) e entrega uma ótima ficção científica mesmo escorregando em alguns pontos. Para os fãs, é mais que obrigatório.

Obs: No final da ficha técnica, discuto questões que envolvem o filme, mas que contem spoilers para quem ainda não viu. Os spoilers estão em letra branca e para ver, basta selecionar o texto.

Ficha Técnica

Elenco:
Noomi Rapace
Michael Fassbender
Charlize Theron
Idris Elba
Guy Pearce
Logan Marshall-Green
Sean Harris
Rafe Spall
Emun Elliott
Benedict Wong
Kate Dickie
Patrick Wilson
Lucy Hutchinson

Direção:
Ridley Scott

Produção:
David Giler
Walter Hill
Ridley Scott
Tony Scott

Fotografia:
Dariusz Wolski

Trilha Sonora:
Marc Streitenfeld

Qual a origem do Alien da tão cultuada franquia?
R: O mais interessante é que o nosso amigo Alien é um efeito colateral imprevisto. Descobrimos que por algum motivo (vamos falar disso mais na frente) os Engenheiros querem destruir a humanidade na Terra e criaram uma arma biológica de destruição em massa: seres xenomorfos (as serpentes) que matam os seres humanos invadindo o seu corpo. Mas ninguém contava que David iria dar uma bebida contaminada para Charlie, namorado de Elizabeth e que no mesmo dia ambos feriam sexo. Essa contaminação gera um feto extraterrestre que se revela uma criatura que se metamorfoseia depositando sua próxima fase no ventre de outra criatura. Acaba que ela ataca um dos Engenheiros e deposita um ser que com os DNA’s combinados do humano, Engenheiro e xenomorfo, dá origem ao Alien. A cena em que o Alien sai do ventre do Engenheiro nos minutos finais fecha o filme com chave de outro.

E como se preenche a lacuna temporal entre Prometheus e Alien – O Oitavo passageiro?
R: David diz que há mais naves e no final ele e Elizabeth embarcam numa delas. Nessas naves poderiam haver outros Engenheiros em estado de suspensão. Provavelmente o Alien que nasce no final era uma mãe e começou a depositar os ovos com aquelas larvas e estas podem ter contaminado outros Engenheiros. O sinal de Elizabeth pode ter sido justamente aquele pedido de socorro que a nave de Ripley, Nostromo, capta anos depois. Repare que o Alien que nasce é levemente diferente daquele da franquia provavelmente porque o da franquia é o primeiro Alien “nascido” de um humano.

Se os Engenheiros queriam destruir a humanidade porque deixaram pinturas como um convite aos humanos?
R: Quem disse que era um convite foi Elizabeth, a qual certamente estava equivocada. A pergunta é: porque eles deixaram aqueles sinais? A provável resposta é que eles queriam ser reconhecidos como criadores da humanidade quando a raça humana fosse mais evoluída e pudesse interpretar seus símbolos.

Mas então porque os Engenheiros queriam destruir a humanidade?
R: Algumas outras críticas repararam que os eventos que culminaram no quase extermínio dos Engenheiros (alguma coisa deu errado e os xenomorfos se libertaram e mataram quase todos) foram há aproximadamente dois mil anos, data da crucificação de Cristo. Sendo assim a provável resposta é que eles ficaram indignados que os seres humanos ao invés de reconhecerem os extraterrestres como seus criadores, acabaram criando a religião via Jesus Cristo, na base de algo que a ciência (e os Engenheiros) considerariam intangível. Daí os nossos verdadeiros criadores deram um pití e resolveram destruir a gente. Brincadeiras a parte, até mesmo essa resposta tem suas falhas, visto que a crença em deuses é muito mais antiga que o Cristianismo.

Porque David deu a bebida contaminada a Charlie?
R: A única resposta concebível frente aos acontecimentos é que com o conhecimento da dinâmica do casal, David sabia que eles fariam sexo e haveria grandes chances de daí nascer um ser híbrido para que ele (David) ou a Weyland Industries pudessem estudar para outras descobertas científicas.

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