Ao contrário dos personagens de “Premonição”, a franquia ainda não morreu. Demoraram 11 anos para os produtores pensarem numa nova idéia, depois que “Premonição 5” em tese teria fechado a franquia com uma ótima sacada, fechando o ciclo que se iniciara no ano 2000 com o original.
Nessa nova empreitada, a premissa é de que nos anos 60 é que tudo começou quando Iris (Brec Bassinger de “Medo Profundo 2”) impede um acidente numa enorme torre que iria matá-la e centenas de outras pessoas, depois de ela ter tido aquela visão que todo personagem tem nos demais filmes.
Já na atualidade, Stefani (a novata Kaitlyn Santa Juana) passa a ter inquietantes sonhos com sua avó Iris (sim, ela já é avó) e, ao tentar entender o mistério, a morte começa a matar deliciosamente um por um de sua família.
Tal qual mostra o trailer, o pilar para esse novo filme é que desde aquele acidente onde centenas de pessoas deveriam ter morrido, a morte começou a matar de um por um, só que o tempo vai passando e os sobreviventes vão tendo filhos e netos que nunca deveriam ter existido e assim a morte deve riscar essas pessoas do mapa também.
Para quem vai no cinema só para ver as mortes, o prato é cheio: excelentes efeitos especiais, sejam de CGI ou maquiagem proporcionam algumas das melhores mortes da franquia, sendo que a preparação para elas segue o sempre bom suspense onde qualquer elemento do cenário pode ir desencadeando aquilo que vai provocar a morte da maneira mais cruel (a primeira, a do caminhão de lixo são as minhas favoritas).
A história não chega a subverter o cânone da franquia, mas encontra alguns diferenciais interessantes, explora essa questão dos laços familiares – que tentaram introduzir no primeiro e no segundo filme da franquia – e também serve de despedida para o icônico Tony Todd, cujo personagem Bludworth participou de quase todos os filmes e, finalmente sabemos de sua origem. Todd faleceu de câncer pouco depois das filmagens terem terminado.
O roteiro tem alguns furos estruturais, mas nada que abale a experiência das mortes ou mesmo da história, pelo menos na superfície. O ritmo é sempre eletrizante com fartas doses de tensão e até mesmo o drama familiar tem um espaço mais relevante que uma mera subtrama.
“Premonição 6” talvez tenha explorado um dos poucos espaços para a franquia sem espremê-la desnecessariamente e merece ser assistido. Agora é torcer para a morte voltar a trabalhar normalmente sem ter que fazer hora extra.
Curiosidades:
- Apesar de não estar explícito, parece subentendido que todas as mortes advindas da franquia se devem por aquele acidente na década de 60, onde a morte foi atrás de todas aquelas pessoas e seus descendentes. Se foi isso, ocorre uma falha monumental de roteiro, pois como todos os filmes das franquias são feitos com personagens jovens, seus pais ou avós deveriam também ter sofrido mortes mirabolantes, mas não é isso que acontece.
- Bobby tem uma alergia mortal a amendoim. Seu intérprete, Owen Patrick Joyner, também.
- A última fala de Tonny Todd como Bludworth foi improvisada. Os diretores deram total autonomia para que ele – visivelmente abatido pelo câncer – pudesse se despedir dos fãs, o que tornou a cena em questão ainda mais emocionante para todos.
- A marca da cerveja que a família bebe é a Hice Pale Ale, uma marca fictícia feita apenas para a franquia, já tendo aparecido em outros filmes.
- A franquia já tem 22 anos: nos primeiros 11 anos tivemos 5 filmes e nos últimos 11 apenas este.
- Primeiro filme da franquia onde a protagonista não é a pessoa que tem a visão de morte.
- Com esse filme, temos um equilíbrio entre protagonistas homens e mulheres.
- Todos os desastres mostrados no livro de Iris são os principais dos filmes anteriores.
- As músicas antes da morte sempre prevêem como vai ser (marca registrada do filme). Como elas são em inglês o espectador brasileiro talvez não se toque, mas são elas: Raindrops Keep Fallin’ on My Head de Bobbie Gentry, Something’s Got A Hold On Me de Etta James, Without You de Air Supply e Stronger (What Doesn’t Kill You) de Kelly Clarkson.
***SPOILER – SÓ LEIA APÓS ASSISTIR AO FILME***
- Primeiro filme da franquia onde o desastre de abertura é completamente evitado.
- Primeiro filme da franquia em que a morte mata alguém não previamente planejado por ela.
- Quarto filme da franquia onde todo mundo morre.
- O primeiro trailer do filme mostra a única morte que não acontece.
- Erik tem seu piercing arrancado de seu nariz na sua quase morte, mas no dia seguinte, o piercing está no mesmo lugar e o nariz sem nenhum machucado (erro de continuidade).
Ficha Técnica:
Elenco:
Kaitlyn Santa Juana
Teo Briones
Rya Kihlstedt
Richard Harmon
Owen Patrick Joyner
Anna Lore
Alex Zahara
April Telek
Tinpo Lee
Tony Todd
Brec Bassinger
Gabrielle Rose
Max Lloyd-Jones
Direção:
Zach Lipovsky
Adam B. Stein
História e Roteiro:
Jon Watts
Guy Busick
Lori Evans Taylor
Produção:
Toby Emmerich
Dianne McGunigle
Craig Perry
Sheila Hanahan Taylor
Jon Watts
Fotografia:
Christian Sebaldt
Trilha Sonora:
Tim Wynn