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Numa deliciosa prova que ainda existem boas histórias a serem contadas, o diretor Lenny Abrahamson (de “Frank”) leva pra telona o livro homônimo de Emma Donoghue sobre uma jovem (Brie Larson de “O Maravilhoso Agora”) que foi abduzida e vive em cativeiro com seu filhos de cinco anos, Jack. Como ele nasceu naquele quarto, ela faz de tudo para que ele se sinta como se aquele lugar fosse a única coisa existente no mundo. Quando eles finalmente conseguem fugir, a adaptação é mais difícil do que se pensa.
Basicamente é um filme de atuações. Larson agarra o papel com unhas e dentes e produz uma das personagens mais complexas da corrida do Oscar, uma mãe tão forte e tão frágil que ainda assim consegue concentrar todas essas características numa única pessoa sem se contradizer. E se o pequeno Jacob Tremblay de “Os Smurfs 2” dá um show como o inocente Jack, a veterana Joan Allen de “O Legado Bourne” rouba todas as cenas como a mãe da jovem de forma contida e é justamente nessa discrição que está toda a emoção (a cena em que o menino declara seu amor pela avó é algo de partir o coração).
O diretor também teve algumas sacadas geniais como a tensa sequência da fuga e a narração em off feita pelo próprio Jack, o qual dá ao espectador a sua maneira de ver e descobrir cada pedacinho do mundo novo e nos faz refletir até a maneira como vivemos.
O principal cenário – o quarto – é cheio de significados e é interessante ver como Jack tenta sempre relacionar aquilo que ele vê em sua nova vida com seu antigo mundinho. A discreta trilha de Stephen Rennicks (parceiro do diretor em “Frank”) deixa ser levada pelo roteiro e nunca manipulando o espectador com clichês dramáticos.
“O Quarto de Jack” consegue ser original, fugir do lugar comum e emocionar como se o espectador estivesse junto.
Curiosidades:
– O nome da jovem interpretada por Larson, só é dito uma ou duas vezes ao longo da projeção. Seu nome é Joy. Portanto, no Oscar 2016, existem 3 filmes que concorrem cujo nome da protagonista é Joy: “O Quarto de Jack”, “Joy: O Nome do Sucesso” e “Divertida Mente” (Joy = Alegria).
– O “Velho Nick”, nome dado ao sequestrador, era um dos nomes pelo qual o diabo era conhecido na era medieval.
– No quarto de Joy, há um poster da banda Phantom Planet. Brie Larson namora atualmente com o vocalista dessa banda.
Ficha Técnica
Elenco:
Brie Larson
Jacob Tremblay
Joan Allen
Sean Bridgers
William H. Macy
Cas Anvar
Matt Gordon
Direção:
Lenny Abrahamson
Produção:
David Gross
Ed Guiney
Fotografia:
Danny Cohen
Trilha Sonora:
Stephen Rennicks