O Poço 2 (“El Hoyo 2”)

A continuação de “O Poço” traz uma mensagem que seria ótima se não fosse o fato de que explica pouquíssimo do mecanismo que todo o público queria saber e mostra mais do mesmo, só que de outro jeito.

A linda e expressiva Milena Smit de “Mães Paralelas” é Perempuán, que se integra – e entrega ao poço – para ter um tempo para pensar após um trauma pessoal (que também é um dos mistérios do filme). Lá ela encontra o brutamontes Zamiatin (Hovik Keuchkerian de “Assassin’s Creed”) como companheiro de andar e percebem que os andares funcionam numa ordem para que todos possam comer, com o comando de um grupo chamado os Ungidos.

Pausa para retrospectiva: Lembram que no primeiro filme, era tudo uma anarquia?

Logo a dupla de protagonistas descobre que Os Ungidos na verdade são usurpadores violentos e precisam de um plano para sobreviver e, quem sabe, escapar do poço.

Se no filme antecessor a crítica social se baseava na luta de classes (os de cima com os de baixo), dessa vez a crítica – muito bem-vinda por sinal – se dá para a polarização ideológica (ungidos versus os demais). Mais interessante ainda é que essa crítica se baseia no fato de que a ordem por si só não é referência se seus meios forem cruéis.

Ainda há algumas simbologias menos interessantes, enquanto as cenas de violência e ação são boas, mas repetem um pouco aquilo já experimentado no primeiro filme.

Quem esperava sair de lá com mais respostas, ao contrário, terá mais questionamentos. Mostra-se um milímetro a mais somente de como o poço funciona, mas com informações quase que irrelevantes (a não ser que uma terceira parte esclareça), enquanto as grandes reviravoltas nada tem a ver com o poço em si.

Elas, aliás, são ótimas, uma acontecendo no fim do segundo ato com um determinado personagem e a outra é a cena pós créditos, muito bem bolada, mas que desconstrói, toda a primeira simbologia do filme original, isto é, bonita na teoria, mas atrapalha um pouco a narrativa anterior na prática (saiba nas curiosidades abaixo, se quiser).

O Poço 2” parece um filme de transição que entrega pouquíssimo da expectativa, ao mesmo tempo que tem ótimas reviravoltas que não merecem a história em que foram inseridas. Tem que ter um pouco de paciência aqui.

Curiosidades:

***SPOILER – SÓ LEIA APÓS TER ASSISTIDO AO FILME***

  • Reviravolta 1: Quem aparece no meio do filme? Trimagasi, o velho do “Óbvio!” do primeiro, o que significa que esse filme se passou ANTES do primeiro “O Poço”! No primeiro filme estava instalada a anarquia justamente porque Perempuán desafiou a ordem dos Ungidos e eles morreram.
  • Reviravolta 2 na cena pós créditos: Perempuán encontra Goreng, protagonista do primeiro no fundo do poço e eles se abraçam, significando que ele era o ex-namorado dela na história de sua tragédia pessoal. Mas se “O Poço 2” acontece antes do evento do antecessor, como isso é possível? Simplesmente porque – é mal explicado – que essa cena é como se o filme pulasse para depois do final do primeiro “O Poço”, ou seja, Goreng acaba de chegar no fundo e a encontra. Como a câmera foca nela primeiramente, tem-se a impressão de que havia uma continuidade, mas não: há um salto no tempo. Inclusive, isso significa que Goreng não morre no final como muita gente pensava.

Ficha Técnica:

Elenco:
Milena Smit
Hovik Keuchkerian
Natalia Tena
Óscar Jaenada
Ivan Massagué
Antonia San Juan
Alexandra Masangkay
Emilio Buale

Direção:
Galder Gaztelu-Urrutia

História e Roteiro:
Galder Gaztelu-Urrutia
Pedro Rivero
David Desola
Egoitz Moreno

Produção:
Galder Gaztelu-Urrutia
Carlos Juárez
Raquel Perea

Fotografia:
Jon Sangroniz

Trilha Sonora:
Aitor Etxebarria

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