Após o sucesso do ótimo e tenso “Longlegs”, o diretor Osgood Perkins adaptad um conto de Stephen King, seríssimo por sinal, sobre um macaco “de brinquedo” que, ao funcionar, faz alguém morrer da maneira mais insana possível.
Só que ao invés de Perkins imprimir o mesmo tom do conto, ele preferiu fazer uma “quase” comédia de humor negro. E esse “quase” faz toda a diferença. Explico: o que se fez com o filme é o chamado “gender bending”, isto é, quando ele pega um gênero (no caso, terror) e força um outro gênero no meio (no caso, comédia), fazendo com que a essência do gênero principal quase se perca, praticamente fazendo o espectador ficar na dúvida do que exatamente ele está acompanhando.
Desenhando ainda mais: uma comédia de humor negro é uma comédia por mais cenas que poderiam se encaixar em um terror. Isso porque o tom cômico aparece do início ao fim. Os próprios realizadores disseram em entrevista que se inspiraram no tom de “Todo Mundo Quase Morto” que é uma COMÉDIA de humor negro. Mas com “O Macaco” ficou no quase. Por não ser nem terror nem comédia, Parece faltar alguma coisa.
Dois irmãos acham esse macaco nas coisas do falecido pai e aos poucos percebem que ao dar corda no brinquedo, uma morte horrível acontece. Após um trauma por conta do brinquedo, eles se desfazem do macaco, mas 25 anos depois, o artefato amaldiçoado volta para tocar o terror quando os irmãos já estão adultos, ambos interpretados por Theo James de “Dual”.
As mortes são insanas e é o melhor do filme. Na verdade, o diretor perece ter pego várias inspirações, já que as cenas de morte lembram um pouco a franquia “Premonição”, além de haver um antagonista que se assemelha muito a um vilão de HQ.
O ator mirim que interpreta os gêmeos protagonistas, Christian Convery de “O Urso do Pó Branco”, se sai melhor que James na versão adulta. Aliás quase todo o elenco se sai melhor que James, que apenas se destaca quando diz “não não não não não” antes de alguma morte.
Com os corpos se acumulando, talvez o público não sinta – mas é importante frisar – que o roteiro não consegue achar um padrão para o macaco, mesmo que ele mesmo tenha se encarregado de colocar regras em seu funcionamento. Por exemplo: ele só mata se for dado corda, mas há pelo menos 2 mortes em que isso não acontece.
“O Macaco” é engraçadinho, mas não tanto; tem mortes eletrizantes, mas nem tanto; e tenta não se levar a sério, tinha tudo para dar muito certo, mas sempre fica faltando alguma coisa.
Curiosidades:
- No conto original o macaco bate pratos ao invés de tocar tambor. Só que, pasme, a Disney / Pixar detém os direitos de qualquer personagem que seja um brinquedo de macaco tocando pratos por conta de “Toy Story 3”, que tem esse personagem. Detalhe: a escola desse personagem em Toy Story foi feita porque o diretor Lee Unkrich é fã de Stpehen King e de seu conto “Skeleton Crew”, de onde veio o filme.
- A musiquinha que o macaco toca é “I Do Like To Be Beside The Seaside“.
- Como a maioria das histórias de Stephen King, esta também se passa no Estado de Maine – EUA.
- No hotel onde os personagens ficam há uma placa escrita “Sem comida depois da meia noite”. É uma homenagem a “Gremlins” (1984) que também serviu de inspiração. Aliás, “Gremilins” é um dos poucos filmes em que a prática de “gender bender” funcionou.
- A babá dos gêmeos se chama Annie Wilkes que é a protagonista de “Louca Obsessão”, livro de King que virou filme em 1990.
- Além do tom do filme ser completamente diferente do conto, outras diferenças marcantes são: no conto os irmãos não são gêmeos, e tem menos mortes.
- O diretor Osgood Perkins participa do filme como o Tio Chip.
***SPOILER – SÓ LEIA APÓS ASSISTIR AO FILME***
- No final o irmão mau, Bill, morre com através da bola de boliche com a qual, no início do filme, o irmão bom, Hal, sonha em matá-lo.
Ficha Técnica:
Elenco:
Theo James
Tatiana Maslany
Christian Convery
Colin O’Brien
Elijah Wood
Rohan Campbell
Sarah Levy
Osgood Perkins
Tess Degenstein
Danica Dreyer
Direção:
Osgood Perkins
História e Roteiro:
Osgood Perkins
Produção:
Dave Caplan
Chris Ferguson
James Wan
Fotografia:
Nico Aguilar
Trilha Sonora:
Edo Van Breemen