Quando um artista renomado ou conhecido faz um filme barato e/ou ruim (muitas vezes são sinônimos), quem escreve sobre cinema diz que ele(a) fez o filme para pagar o aluguel. Mas tem uma categoria de artistas que chegaram num ponto tão longe do seu ápice que praticamente todos os filmes que faz é para “pagar o aluguel” ou então participações rápidas em grandes produções.
Nesse balaio temos John Travolta, Liam Neeson (ainda resistindo); tínhamos Bruce Willis por causa da doença e que já se aposentou, Nicolas Cage que agora navega em todos os níveis de qualidade. E finalmente temos Russel Crowe que há muito participa de filmes duvidosos, faz algumas pontas como em “Thor – Amor e Trovão”, e ainda leva gente ao cinema.
Pior do que o filme, só o marketing mesmo: eles conseguiram fazer uma campanha que torna a comunicação praticamente igual ao meia boca “O Exorcista do Papa”. O mais engraçado é que o filme foi feito ANTES de “O Exorcista do Papa” (em 2019), mas só agora foi lançado.
A premissa tinha tudo para ser interessante: Crowe na verdade não é padre, mas sim um ator problemático chamado Anthony que vai interpretar um padre num remake de “O Exorcista” (em momento algum isso é explícito, mas nas curiosidades explicamos). Só que o set de filmagens é assombrado por um espírito que coincidentemente possui as pessoas do mesmo jeito que a entidade do clássico de 1973 fazia. Nessa quem acaba sendo o novo hospedeiro é o próprio Anthony.
Até a metade do filme, roteiro e direção estavam até que afinados com uma tensão crescente, bons sustos, boas edições, mesmo que a história encontrasse dificuldade em desenvolver os personagens e próprio arco da tal entidade maligna.
Justamente na hora em que ela se manifesta pra valer, quem fica possuído é o diretor que enlouquece e faz a história tomar um rumo tão absurdo que até o diabo se surpreendeu. Há uma cena patética em que um personagem se joga de um prédio e logo a seguir uma edição maluca que parece mais uma paródia do multiverso do que uma continuidade. De quebra os realizadores esqueceram que o final feliz de um exorcismo é quando o espírito vai embora sem matar a pessoa (calma que não é spoiler).
Todos os personagens, incluindo o protagonista parecem estar dopados ou vivendo numa realidade paralela onde suas ações e reações, principalmente no último ato não fazem o menor sentido.
“O Exorcismo” vai matando os neurônios do espectador aos poucos e ao invés de sair do cinema possuído, o público vai sair possesso.
Curiosidades:
- O diretor Joshua John Miller é filho do ator Jason Miller que interpretou o Padre Karras no original “O Exorcista” de 1973.
- O nome de trabalho da produção é Projeto Georgetown. Georgetown é a cidade onde acontece os eventos do clássico “O Exorcista” e por isso sabemos que o filme é um remake. Nome de trabalho geralmente é o nome que o filme adquire nas filmagens para despistar a mídia ou quando ainda não se chegou num nome definitivo.
- Em “O Exorcista” a entidade do mal se chama Pazuzu, uma figura mitológica da cultura mesopotâmica, enquanto neste filme a entidade do mal se chama Moloch, entidade da Bíblia hebraica relacionada com o sacrifício de crianças.
- O diretor Joshua John Miller faz uma participação como o membro da equipe dos efeitos especiais na cena do boneco que dá curto-circuito.
Ficha Técnica:
Elenco:
Russell Crowe
Ryan Simpkins
Sam Worthington
Chloe Bailey
Adam Goldberg
Adrian Pasdar
David Hyde Pierce
Tracey Bonner
Marcenae Lynette
Joshua John Miller
Hallie Samuels
Hannah Black
Samantha Mathis
Direção:
Joshua John Miller
História e Roteiro:
M.A. Fortin
Joshua John Miller
Produção:
Bill Block
Ben Fast
Kevin Williamson
Fotografia:
Simon Duggan
Trilha Sonora:
Danny Bensi
Saunder Jurriaans