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Talvez seja o filme que represente melhor o dilema sobre as adaptações de super-heróis de quadrinhos para o cinema. Enquanto na trilogia de Sam Raimi, o cerne da narrativa era a jornada pessoal de Peter Parker (na época, Tobey McGuire) com um peso emocional que se assemelhava com outro herói, o Batman, nessa nova versão pelo diretor Marc Webb essa jornada empalidece diante de uma conspiração muito mais épica envolvendo a Oscorp e, ao contrario da anterior, Peter (já na pele de Andrew Garfield) é muito bem resolvido emocionalmente e tem um humor muito além da sua encarnação passada, o que se aproxima mais dos quadrinhos, distanciando-se da versão de Raimi.
Já os vilões nesta continuação parecem ter algo de retrô, pois com exceção de Harry Osborn (Dane DeHaan de “O Lugar Onde Tudo Termina”), os demais vilões Electro (Jamie Foxx de “O Ataque”) e Rhino (Paul Giamatti de “12 Anos de Escravidão”) são meramente caricaturais. Inclusive Electro parece ter seguido os mesmos passos do Charada de Jim Carrey em “Batman Eternamente” de 1995!
Daí a pergunta que fica é: a nova trilogia é melhor ou pior? Depende do que o espectador quer ver.
Apesar de levar uma boa vida como Homem Aranha e ser emocionalmente bem resolvido, Peter ainda quer saber o que de verdade aconteceu com seus pais (o que envolve a tal conspiração com a Oscorp) e se preocupa em expor sua amada Gwen Stacy a perigos mortais, coisa que já havia prometido ao seu pai antes dele morrer nas mãos do Lagarto no episódio anterior. A situação se complica quando Peter reencontra Harry, amigo de infância e coincidentemente herdeiro da Oscorp depois que seu pai morre de uma doença misteriosa que também o infectou.
O diretor tomou a decisão acertada de diminuir um pouco o humor e tentar – nem sempre com êxito – dar uma carga mais dramática ao personagem sem fugir da essência que o próprio roteiro desenhou. O ponto alto da história é justamente tudo o que envolve o passado dos pais de Peter, muito bem mais desenvolvido e que começa a fazer todo o sentido, e como esse passado afeta todos os personagens. É lógico que há inúmeras inconsistências nessa própria trama (não falarei delas para não entregar spoilers), mas que são ofuscadas pela ação e outros argumentos. Faltou apenas cortar cenas desnecessárias com o conflito entre aviões e o apagão no hospital da Tia May que apenas alongam a história sem agregar em nada.
O próprio Duende Verde foi muito melhor desenhado que aquele vivido por Willem Dafoe na primeira trilogia e, finalmente, toma-se algumas decisões bastante corajosas rumo ao final que mesmo não sendo tão imprevisíveis, consegue aumentar bem o nível narrativo e emocional. Sem contar que há indícios de pelo menos quatro vilões que devem ficar para as próximas partes (quem quiser saber quais são, basta me perguntar).
“O Espetacular Homem Aranha 2” deve continuar dividindo opiniões, como já citei antes, dependendo do que cada público quer ver. O que não deixa de ser uma aventura bem superior ao primeiro em todos os aspectos e pode levar a caminhos muito interessantes no futuro. Dessa vez eles acertaram.
Ficha Técnica
Elenco:
Andrew Garfield
Emma Stone
Jamie Foxx
Dane DeHaan
Colm Feore
Felicity Jones
Paul Giamatti
Sally Field
Embeth Davidtz
Campbell Scott
Marton Csokas
Louis Cancelmi
Max Charles
B.J. Novak
Sarah Gadon
Direção:
Marc Webb
Produção:
Avi Arad
Matthew Tolmach
Fotografia:
Daniel Mindel
Trilha Sonora:
Johnny Marr
Pharrell Williams
Hans Zimmer