O Diabo e o Padre Amorth (“The Devil and Father Amorth”)

https://www.youtube.com/watch?v=18f_1YbE0-E

Depois que fez seu clássico mega comercial “Titanic”, James Cameron se interessou tanto pelo tema que acabou fazendo um documentário onde ele mesmo com uma equipe explorar o naufrágio do navio com tecnologia nunca antes usada. O mesmo aconteceu com William Friedkin, diretor do clássico de terror de 1972, “O Exorcista”. Mais de 40 anos depois, ele faz um documentário onde pela primeira vez um exorcismo real é filmado, após começar uma amizade com um especialista em exorcismos do Vaticano, chamado Padre Amorth. Só que o resultado é bastante irregular.

O documentário é dividido subjetivamente em três partes: a primeira, que não deixa de ser interessante, foi a sua inspiração para fazer “O Exorcista”, o qual foi baseado em um caso real e ainda conta algumas ótimas particularidades do filme. A segunda é a apresentação do padre Gabriele Amorth (por sinal um doce de velhinho), seu histórico, culminando no exorcismo de uma italiana. Finalmente a última parte é a discussão entre ele e especialista de vários campos – médicos, psiquiatras e padres – sobre o fenômeno documentado.

Pra quem está acostumado com os filmes de terror, o exorcismo real é bem aquém das expectativas. Esse fato não deveria diminuir o valor da produção, mas alguns pontos são bastante questionáveis, principalmente porque muito se fala e pouco se mostra. Enquanto entrevistados falam sobre a pessoa se contorcendo, conhecendo línguas estranhas, falando com a voz do demônio, entre outras particularidade, vemos no máximo a voz gutural da mulher em questão, o que fica uma impressão (digo impressão) de é como se sua voz tivesse sido manipulada digitalmente (o diretor foi perguntado sobre isso e negou veementemente).

O clímax do documentário cheira a pura armação: justamente quando acontece o evento descrito como mais assustador, o diretor esquece convenientemente a câmera e o espectador fica simplesmente com seus relatos e edições que tentam dar um clima de terror ao que está sendo falado.

A abordagem dos especialistas é interessante, não pela vontade do diretor, mas pela boa escolha de palavras dos próprios: enquanto Friedkin tenta tratar o tema com sensacionalismo, muitos veem o exorcismo como uma terapia psiquiátrica positiva dependendo das crenças de cada um, o que abre um interessante caminho sobre como a ciência consegue explicar a religião. Até mesmo o bispo entrevistado tem interessantes insights do que ele chama de bem e mal, Deus e Diabo, e de porque são poucas os padres que conseguem praticar exorcismos.

O Diabo e o Padre Amorth” só assusta quem tem a carne muito fraca, não se compromete com a verdade, mesmo que de uma forma ou de outra a tenha mostrado em alguns momentos, mas parece mais alimentar a crença do próprio diretor e instigar que o espectador assista seu clássico, como uma propaganda tardia. Nesse ponto, não deixa de ser interessante.

Ficha Técnica

Elenco:
Gabriele Amorth
Robert Barron
William Friedkin

Direção:
William Friedkin

Produção:
Mickey Liddell
Pete Shilaimon

Trilha Sonora:
Christopher Rouse

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