O Destino de Júpiter (“Jupiter Ascending”)

O novo filme dos irmãos Wachowski (“A Viagem”) vai ser acusado injustamente de excesso de fantasia ao criar um novo universo tão interessante quando o de “Star Wars” ou de “Star Trek” ou até mesmo de “Os Guardiões da Galáxia”. Como não estamos acostumados com ficções assim, a critica vai ser normal, ainda que equivocada, visto que a filosofia por trás da história é um dos elementos principais para se manter o interesse. Se há algum problema (e infelizmente há e é grande) foi na execução dos criadores da trilogia “Matrix”.

Júpiter (Mila Kunis de “O Que Fazer?”) é uma jovem imigrante que trabalha com a família na inglória tarefa de limpar a casa de ricos patrões. Até que um dia extraterrestres aparecem para mata-la, sendo salva pelo caçador de recompensas Caine (Channing Tatum de “Anjos da Lei”). Então ela aprende que é membro de uma realeza intergaláctica e pode ser a chave para salvar o destino da Terra.

De cara já dá pra pensar que a sinopse é uma loucura, mas é impressionante como o roteiro explica de forma acessível o porquê dela ter essa “descendência real” (vocês vão entender o que é recorrência de genes), como foi a origem da Terra e porque, a origem da maioria dos seres intergalácticos e até mesmo porque os terráqueos ainda não encontraram vida fora do nosso planeta.

O grande problema é que o roteiro merecia pelo menos um filme de duas partes e os diretores só tiveram budget para fazer uma que já dura duas horas. Então muito do suspense, tensão e esclarecimentos mais aprofundados ficaram na sala de edição. Dois exemplos apenas para dar uma idéia: na cena em que Júpiter vai fazer um procedimento no hospital e já corta para ela sendo atacada, sem o mínimo de suspense; ou quando Caine é resgatado no espaço e os cortes vão com uma velocidade que estraga a tensão de sua potencial morte. Assim, até mesmo todas as explicações, por mais consistentes e cativantes que sejam, são jogadas de qualquer jeito na cara do espectador sem nem deixa-lo absorver direito o conteúdo.

E ainda cometem a falha de usar o precioso tempo para algumas bobagens como na crítica até bem humorada do sistema de registro intergaláctico, fazendo uma alusão interessante mas desnecessária à nossa burocracia (por sinal, a cara dos cartórios brasileiros), no que parece mais um trecho de um dos filmes de “Harry Potter”. Além disso o interesse amoroso entre a dupla de protagonistas é mostrada com um humor bem acima do permitido principalmente no contexto em que se encontram.

Por outro lado os efeitos especiais são viscerais e realistas e por mais que em muitas cenas se desafiem todas as leis da física possíveis, eles conseguem não insultar a inteligência do espectador.

O Destino de Júpiter” poderia ter sido uma ótima ficção científica, mas preferiu ser apenas bom. Mesmo assim, funciona perfeitamente como diversão. Para ver sem preconceito.

Curiosidade: há um ator que ele ficou famoso por quase sempre morrer nos filmes em que participa. Nesse ele não morre. Adivinha quem é?

Ficha Técnica

Elenco:
Mila Kunis
Channing Tatum
Sean Bean
Eddie Redmayne
Douglas Booth
Tuppence Middleton
Nikki Amuka-Bird
Christina Cole
Nicholas A. Newman
Ramon Tikaram
Ariyon Bakare
Maria Doyle Kennedy
David Ajala
Doona Bae
Gugu Mbatha-Raw
Edward Hogg
Tim Pigott-Smith
James D’Arcy
Jeremy Swift

Direção:
Andy Wachowski
Lana Wachowski
(The Wachowskis)

Produção:
Grant Hill
Andy Wachowski
Lana Wachowski

Fotografia:
John Toll

Trilha Sonora:
Michael Giacchino

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