Apesar de vários filmes, dificilmente se pode chamar “O Corvo” de franquia. Aliás, ele foi emblemático e talvez até amaldiçoado, pois o original de 1994 (há exatos 30 anos) foi responsável por tirar a vida de seu protagonista, o ator Brandon Lee (sim, filho de Bruce Lee que também sofreu uma morte misteriosa em 1973). Nas gravações do filme, uma arma cenográfica estava carregada com munição de verdade e atingiu mortalmente o ator. Desde então houve tentativas pífias com atores de terceira classe e produções de quinta para fazer uma continuação.
Este reboot, que agora conta com a direção de Rupert Sanders (“Branca de Neve e o Caçador”) finalmente resulta numa produção que rivaliza com o original, ou melhor, que chega mais próximo seja em qualidade narrativa ou em seus aspectos técnicos.
O novo protagonista é e galã esquisitinho Bill Skarsgård (“Contra o Mundo”) que interpreta o revoltado Erik e que conhece a problemática Shelly (a cantora e compositora, e agora atriz FKA Twigs) que por sua vez, está fugindo do vilanesco Roeg (Danny Huston de “Horizonte- Uma Saga Americana”), o qual tem um pacto com o demônio. Quando a gangue de Roeg mata o casal, Erik volta dos mortos em busca de vingança através da mitologia do corvo.
Essa nova versão se aprofunda muito mais nos personagens, dando um senso de jornada mais apurado. O elenco está correto e Skarsgård tem aquele carisma no ponto, enquanto Twigs passa a mensagem na zona entre a revolta e a fragilidade.
As cenas de ação são eletrizantes e a violência gráfica está em excelente patamar comparável à HQ na qual a história é baseada. Só a cena do teatro já vale o filme inteiro.
É no final que a história arrefece e parece que falta conteúdo na hora do clímax, onde o visual tenta enganar o espectador, mas termina apenas satisfatório.
“O Corvo” é uma história independente, com destaque para as cenas de ação, com bons personagens e que usa a sua mitologia de forma correta, mas acaba já cansado.
Curiosidades:
- A cantora e agora atriz FKA Twigs tem esse nome porque quando ela fazia dança, seus amigos repararam que seus ossos estalavam e deram o apelido de Twigs (que é uma palavra que significa algo como “estalos”). Quando ela entrou no meio artístico, adotou o nome Twigs. Só que já havia outro artista com esse nome então ela fez uma ironia: acrescentou o prefixo FKA (Formally Known As) que significa Previamente Conhecida Como e daí é como se seu nome fosse Previamente Conhecida Como Twigs.
- A música na cena do teatro é Boadicea da cantora Enya.
Ficha Técnica:
Elenco:
Bill Skarsgård
FKA twigs
Danny Huston
Josette Simon
Laura Birn
Sami Bouajila
Karel Dobrý
Jordan Bolger
Sebastian Orozco
David Bowles
Trigga Trigga
Direção:
Rupert Sanders
História e Roteiro:
Zach Baylin
William Josef Schneider
Produção:
Victor Hadida
Molly Hassell
John Jencks
Edward R. Pressman
Fotografia:
Steve Annis
Trilha Sonora:
Volker Bertelmann