Liam Neeson virou sinônimo de filmes de ação do herói de um homem só, mesmo tendo iniciado sua carreira com marcantes papéis seja como super-herói no visionário “Darkman – Vingança Sem Rosto” de 1990 ou no premiado “A Lista de Schindler” de 1993. Tanto que ele fez um filme de drama político com um forte elenco em 2017 que o brasileiro passou batido. A notícia boa é que ele consegue manter talento, credibilidade e, principalmente versatilidade para atuar em qualquer gênero. A notícia não tão boa é que o resultado poderia ser melhor.
A produção fala sobre o escândalo de Watergate em 1972 que culminou na renúncia do presidente Nixon à Casa Branca, até então tido com o maior caso do gênero nos EUA. Em maior ou menor grau, o tema já foi tratado em vários filmes, mas principalmente em “Todos Os Homens do Presidente” de 1976, onde dois repórteres interpretados por Robert Redford e Dustin Hoffman desbaratam o escândalo através de informações do executivo de alto escalão do FBI, Mark Felt.
Nesta produção, vemos exatamente os mesmos fatos, só que na visão do próprio Mark (Neeson, visto pela última vez em “Missão Resgate”). Ele como protagonista descobre e começa a vazar informações sobre o caso Watergate, dentre outros, à imprensa, pois crê que essa conspiração chegou até o escalão da presidência e contaminou a direção do FBI, a qual mudou após a morte do icônico J. Edgar Hoover.
O problema é que o diretor Peter Landesman de “Um Homem Entre Gigantes” teve dificuldade para contar a história. Ele parece muitas vezes se perder nos fatos, desperdiça um elenco de peso e ainda coloca um drama familiar de Felt com sua esposa (Diane Lane de “Liga da Justiça”) por conta da filha que fugiu de casa.
Olhando em retrospecto, a narrativa se complica mais pela decisão artística de Landesman na hora da edição do que pela sua própria complexidade. Às vezes fica difícil para o espectador entender quem é agente do FBI, quem é da CIA, quem é da Casa Branca e quem é da imprensa, com muita gente entrando muda e saindo calada e sem dizer a que veio. Neeson por sua vez coloca sua cara de sério para funcionar e está corretíssimo em cena, juntamente com seus colegas coadjuvantes, mas nada que se destaque.
“Mark Felt” tem um bom design de produção, conta uma história relevante, mas se perde desde o início do caminho, tornando sua essência difícil de absorver. E de engolir.
Curiosidades:
– Apesar de os dois jornalistas retratados em “Todos Os Homens do Presidente” terem sido peças chave na exposição e renúncia de Nixon, aqui eles praticamente são figurantes (um deles nem aparece), em prol da decisão de focar em Felt.
– Uma das decisões mais controversas na hora da edição do filme foi sobre o drama familiar que tomou uma proporção muito grande e daí o diretor mandou cortar. O problema é que, segundo todos, a performance de Diane Lane foi espetacular e mais da metade ficou no chão da sala de edição. Liam Neeson, inclusive, lamentou muito o ocorrido.
***SPOILER – SÓ LEIA DEPOIS DE TER VISTO O FILME***
– Nos créditos finais aparece que somente em 2005, com 91 anos, Mark Felt veio a público assumir que ele era o “garganta funda” (apelido dado ao vazador de informações). O que não diz lá é que ele só fez isso, pois já estava em estágio inicial de demência e queria falar da questão antes que esquecesse de todos os detalhes.
Ficha Técnica
Elenco:
Liam Neeson
Diane Lane
Marton Csokas
Tony Goldwyn
Ike Barinholtz
Josh Lucas
Wendi McLendon-Covey
Kate Walsh
Brian d’Arcy James
Maika Monroe
Michael C. Hall
Tom Sizemore
Julian Morris
Bruce Greenwood
Noah Wyle
Eddie Marsan
Stephen Michael Ayers
Wayne Pére
Darryl Cox
Jeff Sprauve
Scott Poythress
Jessica Young
Ricky Wayne
L. Warren Young
Direção:
Peter Landesman
Produção:
Marc Butan
Giannina Facio
Anthony Katagas
Peter Landesman
Steve Richards
Jay Roach
Ridley Scott
Fotografia:
Adam Kimmel
Trilha Sonora:
Daniel Pemberton