Quem tem mais de 30 anos conheceu o auge do lutador e ator Jean Claude Van Damme, que foi revelado num filme mequetrefe “Retroceder Nunca, Render-se Jamais” em 1985 e alçado ao estrelado como o “ator de filmes de ação com artes marciais” em “O Grande Dragão Branco” em 1988.
Sua fama no Brasil chegou no ponto dele ir no Programa do Gugu no SBT e dançar de sunga para a platéia, num momento em que já faltava noção e sobrava bebida e drogas, arrastando sua carreira ladeira abaixo. Depois dos anos 2000, ele só teve dois voos de galinha: o muito bom “JCVD” em 2008, uma ficção sobre si mesmo, e “Os Mercenários 2” em 2012, sem contar sua dublagem coadjuvante na franquia “Kung Fu Panda”.
Fora isso, ele se junta a um escalão abaixo do que está John Travolta e onde estava Nicolas Cage para filmes B pra lá de duvidosos. A exceção da regra é “Lukas”, o melhorzinho que ele fez nos últimos anos, uma produção franco-belga, justamente porque mostra o seu lado mais complexo e pega sua limitação de atuar em prol do personagem.
Van Damme é o protagonista do título, guarda-costas cinquentão, desempregado e com uma filha para criar. Ele aceita um emprego de segurança numa casa de strip-tease, mas é abordado pela polícia para se converter num informante, pois o dono da boite também é falsificador de dinheiro e assassino.
Taí a batida trama do agente duplo que conquista a confiança do vilão e se vê dividido em entrega-lo às autoridades. O que muda – para melhor – é o personagem de Van Damme que se mostra um cara frágil, intrpspectivo, mas ao mesmo tempo extremamente hábil e letal. Há uma cena no segundo ato, da invasão de uma casa, que é até melhor que o clímax e muito bem filmada e coreografada pelo desconhecido diretor Julien Leclercq.
O problema é que o desfecho perde a energia que permeava todo o desenvolvimento do filme, como se tivesse acabado o dinheiro ou as idéias e, apesar do final ser amarrado, parece insuficiente para a premissa proposta.
“Lukas” é uma ótima oportunidade para os fãs de Van Damme o verem num filme “de verdade” emocionalmente complexo com uma ação bem orquestrada e equilibrada, mas que não soube finalizar com essa mesma pegada.
Curiosidades:
- Van Damme já trabalhou como segurança de boite antes de ser lutador e ator. Detalhe: a boite era de ninguém menos que Chuck Norris.
- Van Damme tem um cisto na testa e com a calvície ele se pronunciou fazendo com que as pessoas notassem mais. O diretor fez a maquiagem de uma cicatriz ao lado do cisto para disfarçar.
- Há uma cena em que Lukas diz que não fala Flamengo. Flamengo ou “flasmish” é a língua nativa da Bélgica, mas nem todos falam. Na Bélgica, além da nativa, é falado o francês, alemão, holandês e inglês.
Ficha Técnica:
Elenco:
Jean-Claude Van Damme
Sami Bouajila
Sveva Alviti
Sam Louwyck
Kevin Janssens
Kaaris Kaaris
Alice Verset
Direção:
Julien Leclercq
História e Roteiro:
Jérémie Guez
Produção:
Aimée Buidine
Jérémie Guez
Julien Leclercq
Julien Madon
Fotografia:
Robrecht Heyvaert
Trilha Sonora:
Jean-Jacques Hertz
François Roy