Lobisomem (“Wolf Man”)

O diretor Leigh Whannell, grande parceiro do mestre James Wan, fez com “Lobisomen” o mesmo que “O Homem Invisível”: resgatou uma história já muito conhecida e deu uma abordagem inovadora. Na falta da originalidade da trama, o modo de contar a história acaba sendo às vezes tão relevante quanto a própria.

Uma família vai para uma casa na floresta e é atacada por um misterioso animal (pelo título vocês já sabem). Enquanto se escondem na casa, o pai da família começa a mudar, visto que foi arranhado pela criatura.

A introdução dos personagens é muito boa, já que seu vínculo emocional é fundamental quando a família está em perigo e começa a se desfazer por conta da “doença” que acomete ao pai da família, Blake, interpretado por Christopher Abbott que acabara de sair do vexame “Kraven – O Caçador”. Julia Garner de “Apartamento 7A” é a esposa e mãe Charlotte que funciona como o alter ego emocional do espectador.

A grande sacada é que o diretor faz o público experimentar os dois lados da moeda, tanto a tradicional visão de quem está sendo caçado pelo lobisomen, como também o ponto de vista do próprio Blake se transformando e como a cada minuto que passa algo novo vai mudando em seu corpo e na maneira dele perceber as coisas.

Nessa hora entendemos sobre o que se passa: o filme, altamente inspirado no clássico “A Mosca” de David Cronemberg, é justamente sobre um homem testemunhando a degradação do seu corpo e espírito transformando-se em algo além de sua compreensão, aspecto da trama muito mais interessante do que estar do outro lado correndo e com medo.

No mais, tudo seguindo a boa burocracia dos filmes de terror, com alguns bom sustos, correrias, um pequeno plot twist no último ato e um desfecho direto e sem rodeios.

Lobisomen” é uma boa adição aos clássicos desse gênero, pois inova sem ser pretensioso, sabendo seu lugar e terminando na melhor hora.

Curiosidades:

  • O diretor Leigh Whannell faz a voz no rádio com o qual opai de Blake se comunica no primeiro ato.
  • Christopher Abbott assistiu a horas de vídeo de lobos no YouTube para entender seu comportamento e movimentos.
  • Leigh Whannell e Corbett Tuck são casados e escreveram o roteiro no meio do lockdown da pandemia com a idéia de que seria horrível ter uma doença grave estando isolados.
  • A filha do casal se chama Ginger por causa de uma série antiga de lobisomen chamada “Ginger Snaps”.
  • Como foi filmado na Nova Zelândia (mas é passado nos EUA), a equipe teve que importar o caminhão dos EUA para que o volante ficasse à esquerda como acontece no ocidente.
  • A maquiagem demorava cerca de 2 horas e meia para colocar e meia hora para tirar.
  • Logo no início, na cena da cidade, é possível ver rapidamente um adesivo com o boneco de “Jogos Mortais” pregado num poste.
  • O início há uma lista de mochileiros que desapareceram na floresta. Dentre eles se destaca o nome Larry Talbot. Esse nome é do herói do filme “Lobisomen” original de 1941 e da adaptação de 2010.

***SPOILER – SÓ LEIA SE JÁ ASSISTIU AO FILME***

  • Há uma cena que homenageia “Jogos Mortais”: a que Blake, já lobisomen, arranca parte da perna com a boca para escapar da armadilha. É o que faz o protagonista de “Jogos Mortais” no final, só que com uma serra.

Ficha Técnica:

Elenco:
Julia Garner
Christopher Abbott
Leigh Whannell
Sam Jaeger
Matilda Firth
Benedict Hardie
Ben Prendergast
Zac Chandler

Direção:
Leigh Whannell

História e Roteiro:
Leigh Whannell
Corbett Tuck

Produção:
Jason Blum

Fotografia:
Stefan Duscio

Trilha Sonora:
Benjamin Wallfisch

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