Baseado numa história real sobre o assassinato do chefe da família Borden e sua esposa em 1892 nos EUA, onde a principal suspeita foi a própria filha caçula Lizzie (que dá o título ao filme), vivida aqui por Chloë Sevigny de “Até os Ossos”.
Curiosamente a estrela Kristen Stewart (“O Amor Sangra”) atua aqui como coadjuvante, interpretando a nova criada Bridget que – adivinhem – vai ter um flerte com a protagonista (Stewart costuma se interessar por papéis assim).
Como muitos filmes de suspense dramático, este também começa pelo início do último ato – as mortes consumadas – e então volta no tempo para reconstruir os eventos que foram relevantes para os assassinatos e, como é apenas inspirado em fatos, o roteiro não se furta de nominar que é o culpado ou culpada, sendo a informação talvez menos relevante do que a execução em si.
A produção não prima por uma dinâmica atraente, mesmo que tente construir um suspense a partir de como os assassinatos foram planejados, deixando as cenas mais chocantes para o final. O problema é que nesse decorrer, o ritmo é quebrado várias vezes, inclusive pelo tal flerte entre criada e dona que agrega muito menos do que seria em caso de uma profunda sororidade. Aliás, Kristen Stewart tem um papel muito secundário do que ela está acostumada, mesmo com o roteiro forçando uma barra para ela aparecer bastante.
Esse mesmo roteiro toma a decisão acertada de desenhar os personagens em camadas de complexidade que chamam atenção: Lizzie está longe de ser indefesa e tem alguns ideais questionáveis, enquanto a Bridget de Stewart está corretíssima como criada.
Destaque vai para a sempre competente Fiona Shaw de “Amigos Imaginários” que rouba a cena em suas participações como a madrasta da família, muito mais pela sua discrição e por não ser nenhuma vilã e até se preocupar com o destino das filhas postiças, mesmo se submetendo às vontades de seu marido (Jamey Sheridan de “DeLorean – Do Motor ao Crime), este sim mais estereotipado como vilão.
“Lizzie” tem drama e tensão salpicados ao longo de uma narrativa que nem sempre entrega a dinâmica necessária para uma construção de clímax, mas que funciona enquanto uma boa adaptação de fatos.
Curiosidades:
- A foto da mãe de Lizzy que o pai dá para ela num colar é a verdadeira Sarah Borden, mãe de Lizzy que faleceu quando a filha ainda era bebê.
- Apesar de Lizzy ser a principal e única suspeita no filme, na realidade outras pessoas foram consideradas, incluindo a irmã de Lizzy e seu tio.
- No filme o pai morre acordado, mas na realidade a polícia constatou que ele estava dormindo na hora dos golpes fatais.
- O caso entre Lizzy e Bridget não tem nenhum fundamento real.
Ficha Técnica:
Elenco:
Chloë Sevigny
Kristen Stewart
Jeff Perry
Fiona Shaw
Jamey Sheridan
Tara Ochs
Kim Dickens
Daniel Wachs
Denis O’Hare
Direção:
Craig William Macneill
História e Roteiro:
Bryce Kass
Produção:
Naomi Despres
Liz Destro
Chloë Sevigny
Fotografia:
Noah Greenberg
Trilha Sonora:
Jeff Russo