O premiadíssimo cineasta Darren Aronofsky de “A Baleia” tentou fazer uma espécie de filme de gangue no estilo de Guy Ritchie com toques poéticos, mas não deu certo, pois quase tudo no roteiro joga contra, e que foi escrito pelo autor do livro homônimo, Charles Huston.
O filme se passa em 1998 em Nova York (sabe-se lá porque) e é nesse cenário que encontramos Hank (Austin Butler de “Clube dos Vândalos”), um ex-jogador de beisebol frustrado trabalhando como bartender.
Após seu vizinho de apartamento, o arrogante Russ (Matt Smith de “Morbius”), viajar misteriosamente, aparecem uns bandidos russos arrombando o apartamento dele. Sem absolutamente nenhum motivo, Hank se mete na situação e daí todos acham que ele tem aquilo que os criminosos estão procurando. Agora ele tem que se livrar da situação e ainda proteger sua namorada Yvvone (Zoë Kravitz de “Kimi”).
Reparem que numa análise fria, a trama não faz muito sentido e, ao ser desenvolvida, mostra o protagonista tomando decisões semelhantes àqueles personagens de filmes de terror que parecem suicidas. Seu personagem é construído de forma séria, mas ele age como alguém vindo de um filme de paródias. Falha do roteiro e direção. Imagine alguém correndo risco de vida, entrar num bar e “sem querer” se embebedar o suficiente para esquecer onde deixou o único objeto que podia salvá-lo.
O problema não é só ele: várias situações na evolução da trama são inexplicáveis. Uma em particular me chamou atenção: é uma cena em que ele está encurralado pelos criminosos dentro de uma espécie de quarto do pânico e, no corte seguinte, ele já está nas ruas sem ninguém o seguindo. Talvez essa tenha sido o erro de roteiro / edição / direção / continuidade mais escancarado da produção.
Sem contar as cenas em que Hank simplesmente não faz nada além de esticar a duração do filme que bate quase em 2 horas. Tudo isso é uma pena, pois há ótimos momentos, sejam eles violentos, sejam chocantes, ou sejam engraçados, dentro do equilíbrio da tensão e urgência da trama.
Inclusive o desfecho faz uma rica rima com vários destes momentos ao longo do filme que se compilam ao final. Mas é pouco para salvar a mediocridade com que não souberam trabalhar as partes mais relevantes da trama, inclusive algumas vezes fazendo rápidas edições para tentar esconder alguns desses erros absurdos, principalmente para um diretor experimentado como Aronofsky.
“Ladrões” parte de uma premissa duvidosa, vai se atrapalhando no meio do caminho e não consegue arrumar sua própria bagunça, que fica disfarçada de ritmo acelerado, dentro de uma construção filosófica de botequim.
Ficha Técnica:
Elenco:
Austin Butler
Griffin Dunne
Dominique Silver
Action Bronson
Zoë Kravitz
Matt Smith
George Abud
Nikita Kukushkin
Yuri Kolokolnikov
D’Pharaoh Woon-A-Tai
Will Brill
Oleg Prudius
Regina King
Liev Schreiber
Vincent D’Onofrio
Bad Bunny
Carol Kane
Direção:
Darren Aronofsky
História e Roteiro:
Charlie Huston
Produção:
Darren Aronofsky
Jeremy Dawson
Dylan Golden
Ari Handel
Fotografia:
Matthew Libatique
Trilha Sonora:
Rob Simonsen
