Logo no início do filme um personagem profere: “As pessoas estão casadas dos dinossauros, mas eles não estão cansados da gente”. Pelo visto realmente eles – Hollywood e os dinossauros – não estão cansados da gente. Tanto que após a última trilogia surpreendentemente razoável, eles “recomeçam” com uma história batida, sem grandes conexões com as anteriores e que resgata o que a franquia tem de pior.
Começa com um incrível malabarismo de roteiro para tentar explicar porque os dinossauros, que tinham ocupado o planeta inteiro, voltaram a ficar isolados novamente numa ilha. O malabarismo se intensifica ao tentar esclarecer porque esses novos personagens deveriam voltar pra lá e finalmente porque ao invés de uma força tarefa, contrataram apenas uma mercenária, Zora (Scarlett Johansson repetindo sua “Viúva Negra” com outro traje), para “protege-los” de todos os dinossauros. Dizer que tudo dá errado é chover no molhado.
A surpresa foi uma subtrama com uma família que, mesmo o mundo inteiro sabendo que lá são águas proibidas, estavam passeando tranquilamente até serem abordadas por um dino aquático. A gente sabe quando o roteiro está desesperado quando fazem uma subtrama só para ter crianças e adolescentes no meio dos adultos e assim diluir o clima pesado lançando aquela vibe “Spielberg”, com direito ainda a um “dino pet” (sim, pasmem). A outra função dessa trama é apenas esticar o filme com cenas de ação nem sempre necessárias como a do T-Rex e o bote.
Todos os personagens são caricatos demais com diálogos muito expositivos. Tanto que o vilão (Rupert Friend de “O Esquema Fenício”) vai se tornando uma piada cada vez maior, principalmente no desfecho. Quase tudo no filme é previsível e o que não é geralmente não faz a surpresa ser agradável.
O diretor Gareth Edwards de “Resistência” e conhecido por sua abordagem disruptiva, aqui pareceu engessado e se apegando à “novidade” de novos dinossauros, que são as mutações, mas que – talvez por estarmos cansados deles – surtem efeito zero como história e até mesmo como impacto visual. E não, não temos Velociraptors, apesar de no trailer, eles aparecerem.
“Parque dos Dinossauros – O Recomeço” talvez tem a pior história e execução de toda a franquia e tenta enganar os incautos com muita ação e a bela trilha sonora já bem conhecida. Uma pena.
Curiosidades:
- Há alguns easter eggs dos filmes anteriores à franquia, principalmente o original:
- Logo no início, no meio do trânsito, a câmera foca naquele aviso do espelho retrovisor do carro “Os objetos vistos no espelho estão mais próximos do que você pensa”, que foi uma marca registrada de icônica cena de perseguição do original “Parque dos Dinossauros”.
- Também no início, ao entrar no museu, a faixa “Parque dos Dinossauros” está sendo retirada e ela cai igual ao que aconteceu na cena do último ato do original.
- Um dos protagonistas, o Dr. Loomis (Jonathan Bailey de “Wicked”) diz que rapidamente que foi aluno do Dr. Alan Grant que é ninguém menos que o protagonista do original interpretado por Sam Neil que inclusive esteve presente no último “Parque dos Dinossauros – Domínio”.
- Há uma cena em que aparece um ônibus escolar com a escrita “Crichton Middle School”, que é uma homenagem a Michael Crichton, autor do livro original.
- A melhor surpresa é que o ator Jonathan Bailey é músico e toca clarinete em várias das cenas, juntamente com a orquestra de Alexandre Desplat.
- O personagem Dr. Henry Loomis é uma homenagem ao personagem Dr. Samuel Loomis interpretado pelo saudoso Donald Pleasence do clássico “Halloween” (1979).
- O filme anterior tanto de Scarlett Johansson (a protagonista) quanto de Rupert Friend (o antagonista) foi “O Esquema Fenício“, apesar de não atuarem juntos nesse filme.
- Como já citado, no trailer há uma cena em que os velociraptors, não só são citados como também (suas patas) aparecem. Essa cena foi totalmente cortada do filme.
Ficha Técnica:
Elenco:
Scarlett Johansson
Mahershala Ali
Jonathan Bailey
Rupert Friend
Manuel Garcia-Rulfo
Luna Blaise
David Iacono
Audrina Miranda
Philippine Velge
Bechir Sylvain
Ed Skrein
Direção:
Gareth Edwards
História e Roteiro:
David Koepp
Produção:
Patrick Crowley
Frank Marshall
Fotografia:
John Mathieson
Trilha Sonora:
Alexandre Desplat