Jurado nº2 (“Juror #2”)

Muita gente critica – e com razão – roteiros que tentam manipular o espectador. Mas e quando a manipulação funciona?

Clint Eastwood (“Cry Macho – Caminho Para Redenção”) volta à direção e conta a história de Justin (Nicholas Hoult de “Nosferatu”), ex-alcóolatra, atualmente muito bem casado, esperando seu primeiro filho, e foi escolhido para participar de um júri de um caso de assassinato que ocorrera 1 ano antes.

A surpresa acontece quando a promotora, ao descrever o caso na hora do julgamento, faz com que ele se lembre que estava exatamente no mesmo lugar e na mesma hora do acontecido e que ele pode ter atropelado a vítima em questão. Tomado pela culpa, ele vai fazer de tudo para convencer o resto dos jurados a votar pela inocência do réu, mas sem despertar a atenção para si, o que será um desafio.

Só essa premissa já daria – e dá – um ótimo filme, pois a tensão gerada vai corroendo tanto o espectador quanto o protagonista, principalmente na questão do que é o certo a fazer. É interessante o fato de que em momento algum o protagonista ou o próprio roteiro cogita outra hipótese, isto é, apesar de não estar explícito, na cabeça de Justin, foi ele que inadvertidamente naquela noite chuvosa, atropelou e matou uma mulher inocente, crime pelo qual seu namorado está sendo julgado.

Não bastasse, há ainda a deliciosa subtrama do embate entre a promotoria liderada pela Dra. Faith (interessante que é “fé” em inglês) e a defesa com o Dr. Resnick, interpretados pelos sempre competentes Toni Collette de “Mama Máfia” e Chris Messina de “Boogeyman – Seu Medo é Real”.

Eis que chegamos na resolução e aí e encontra a maior manipulação que deu certo: sem dar spoilers, digamos que há dois momentos emblemáticos, como se fossem dois finais, cada um apontando para um caminho diferente. O que Eastwood faz é enganar o espectador mostrando um determinado caminho e no último segundo, dá um cavalo de pau para o outro caminho.

Só que a sutileza com a qual ele faz a manobra não dá tempo ao espectador absorver, como se a sensação do caminho anterior permanecesse sem as consequências do segundo caminho, o qual seria o real. E se você não entendeu, não tem problema, basta assistir que ao subir a primeira letra dos créditos, você vai matar na hora (desculpe o trocadilho).

Jurado nº 2” é tensão do início ao fim, com bastante conteúdo para reflexão e ainda tem uma pegadinha no final que pode ser chamada manipulação do bem. Daí quem decide são vocês.

Curiosidades:

  • A vítima do assassinato é interpretada por ninguém menos que a filha de Clint Eastwood, Francesca Eastwood de “Tempo”.
  • O nome do bar onde acontecem os eventos antes do crime se chama Rowdy’s Hideaway. Rowdy era o nome do personagem de Clin Eastwood em alguns de seus primeiros filmes de Western.
  • A primeira cena da escolha do júri é uma reprodução exata da cena análoga de 12 Homens e uma Sentença (1957).
  • A lápide do cemitério ao lado de onde a vítima está enterrada se lê Ron Reiss. É o nome do designer de produção do filme.

Ficha Técnica:

Elenco:
Nicholas Hoult
Zoey Deutch
Toni Collette
J.K. Simmons
Chris Messina
Leslie Bibb
Megan Mieduch
Melanie Harrison
Adrienne C. Moore
Drew Scheid
Hedy Nasser
Phil Biedron
Cedric Yarbrough
Bria Brimmer
Amy Aquino
Gabriel Basso
Chikako Fukuyama
Zele Avradopoulos
Onix Serrano
Jason Coviello
Rebecca Koon
Francesca Eastwood

Direção:
Clint Eastwood

História e Roteiro:
Jonathan A. Abrams

Produção:
Clint Eastwood
Adam Goodman
Jessica Meier
Tim Moore
Matt Skiena

Fotografia:
Yves Bélanger

Trilha Sonora:
Mark Mancina

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