A lenda mexicana de Huesera, também conhecida como “A Mulher dos Ossos,” é uma história que remonta às tradições indígenas e fala de uma figura mítica que coleta ossos, especialmente de animais, nas profundezas do deserto. Huesera é conhecida por juntar esses ossos e cantar sobre eles, trazendo-os de volta à vida, recriando-os como criaturas inteiras. Essa lenda simboliza a transformação, a ressurreição e o poder feminino de regeneração e criação. É uma metáfora para o ciclo de vida, morte e renascimento.
Uma pena que o espectador não saiba disso ao ver o filme, que não faz a menor questão de explorar a lenda, sendo tão superficial que a leitura pode ser completamente diferente: a atriz Natalia Solián é Valeria que finalmente fica grávida, mas começa a ver uma entidade que tem a peculiaridade de estalar todos os seus ossos.
Os sustos, quando acontecem, são muito bons, e a sonoplastia dos ossos estalando com a tensão criada gera um ótimo resultado.
O problema mesmo está em como a história se desenvolve: em momento algum se discute a natureza da tal entidade ou sequer a protagonista é inteligente o suficiente para buscar alguma informação relevante.
O que parece, mesmo após o final do filme e mesmo sabendo da lenda da “Huesera” é que Valeria simplesmente teve uma depressão durante o parte e que se estendeu para o pós, sendo que nada do que acontece no filme justifica algo contrário.
Parece um spoiler, mas não é, já que o próprio título insinua que há algo sobrenatural. A abordagem da direção é que tendenciou para o lado errado. Aliás, daria um ótimo drama de horror, mas fica em cima do muro do sobrenatural.
Num ano onde já tivemos mais filmes do subgênero “gravidez assombrada” como “A Primeira Profecia” e “Imaculada” que são apenas bons, este meio terror mexicano fica um pouco abaixo da média, ainda caindo naqueles clichês horrorosos que os americanos adoram colocar em seus filmes, como o marido apático e incrédulo (a cena em que ela tenta acordá-lo é um dos piores clichês do gênero); ou a médium – no caso mais de uma – que se diz capaz de resolver o problema.
“Mulher dos Ossos” tem seus bons momentos, mas sua essência é superficial, cheio de lugares comuns e não se dá nem ao trabalho de aprofundar uma boa lenda urbana do México.
Ficha Técnica:
Elenco:
Natalia Solián
Alfonso Dosal
Mayra Batalla
Mercedes Hernández
Sonia Couoh
Aida López
Anahí Allué
Martha Claudia Moreno
Direção:
Michelle Garza Cervera
História e Roteiro:
Michelle Garza Cervera
Abia Castillo
Produção:
Edher Campos
Paulina Villavicencio
Fotografia:
Nur Rubio Sherwell
