Homem com H

Há mais de uma década o cinema, a Globo (e às vezes ambos) e agora a Netflix se imbuíram do espírito de contar em filmes ou documentários as histórias de todos os cantores da MPB que já respiraram nesse país indo do sensacional “Elis & Tom”, passando pelo excelente “Tim Maia – Não Há Nada Igual” (que virou até minissérie) até os apenas bonzinhos “Simonal” e “Meu Nome é Gal”. Dito isso, a cinebiografia de um artista tão multifacetado como Ney Matogrosso até que demorou para sair.

Dirigido pelo premiado em curtas metragens Esmir Filho, o filme acompanha Ney desde a sua infância, passando pela questão da sua sexualidade, a ditadura, o sucesso, os excessos, a chegada da AIDS e vai até meados da década de 90 quando se isolou em sua fazenda (também chamada Matogrosso) e raramente sai de lá para compromissos artísticos como seu sensacional show em SP em 2024.

O ator (José) Jesuíta Barbosa de “Trash – A Esperança Vem do Lixo” mergulhou no papel como poucos e faz talvez uma das melhores performances nesse subgênero biográfico da MPB. Inclusive as cenas de sexo têm uma coreografia excelente, pois beira o explícito sem ser, chocando mais pela beleza da arte do que pelo sexo em si.

A história tem dois grandes destaques: o primeiro é a questão familiar, já que todo artista geralmente sofre uma grande resistência da família e, principalmente, com a questão da sexualidade. Esse ponto é muito bem resolvido e emocionante.

Finalmente, a partir da segunda metade, a surpresa da enorme relevância de Cazuza na vida de Ney Matogrosso, coisa que inclusive não foi bem mostrada no filme de 2004 “Cazuza – O Tempo Não Para”. Não deixa de ser interessante que ao juntarmos essas produções, parece que estamos vivendo num grande multiverso cinematográfico da MPB e alguns filmes acabam relevando detalhe dos outros.

“Homem com H” surpreende, pois tal qual seu protagonista, é muito bem resolvido em tudo o que mostra, faz com que o brilhante repertório musical conte a história junto com os fatos, e não perde tempo com artifícios narrativos, focando numa aula sobre a carreira do cantor e, porque não dizer, em uma parte da própria MPB.

Ficha Técnica:

Elenco:
Jesuíta Barbosa
Caroline Abras
Rômulo Braga
André Dale
Hermila Guedes
Ney Matogrosso
Bruno Montaleone
Marco de Maria
Jullio Reis
Mauro Soares
Augusto Trainotti
Lara Tremouroux

Direção:
Esmir Filho

História e Roteiro:
Esmir Filho

Produção:
Adrien Muselet

Fotografia:
Azul Serra

Trilha Sonora:
Gui Amabis
Rica Amabis

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