Este sim é o último capítulo da fase 3 da Universo Cinematográfico Marvel e se comporta dignamente como tal. E também se comporta como um típico filme do cabeça de teia.
Primeiro que ele começa com uma trilha inusitada e que faz todo sentido, explicando muitas das dúvidas que os espectadores tiveram num final de “Vingadores: Ultimato”, e o faz de forma natural e bem humorada.
Então vemos Peter Parker que está dividido entre o peso de herdar o legado do saudoso Tony Stark e viver a sua vida normal de estudante sendo apenas o amigo da vizinhança e tentar conquistar o coração de Mary Jane. Eis que no meio de sua excursão com os coleguinhas na Europa, Nick Fury surge com uma missão: derrotar criaturas conhecidas como Elementais (pois são feitas dos elementos primários da natureza: água, terra, fogo e ar) com a ajuda de um misterioso aliado que passou a se chamar Mysterio (Jake Gyllenhaal de “Toda Arte é Perigosa”).
Se as cenas de comédia são muitas e algumas quase rasgadas – no bom sentido – a tensão saudável também se mostra presente numa trama que faz um ótimo vínculo com praticamente toda a história de Tony Stark, desde o seu primeiro filme. Aliás o protagonista Tom Holland fica a cara do Tony Stark quando usa seus óculos EDITH.
A fotografia sempre mostra cores vivas e fortes, denotando a atmosfera mais light no mundo Marvel e referências fofíssimas dos outros heróis que, inclusive, são “evocados” em vários momentos. O elenco está ótimo, engraçadíssimo, e com direito a algumas pequeninas reviravoltas. A subtrama de Happy Hogan com a Tia May é quase que uma atração a parte.
A ação é digna dos grandes combates do nosso herói, mas pasmem: por incrível que pareça alguns dos melhores momentos da produção são as cenas pós créditos que são duas (sim, fique até o final). Talvez seja a melhor combinação de cenas pós créditos dos últimos filmes da Marvel. São estarrecedoras, mostra o que podemos esperar do futuro do herói e da franquia e ainda dá uma percepção de como fica o tabuleiro de xadrez dos heróis daqui pra frente. Além de também ser engraçadinha (a última principalmente).
Essa continuação é bem melhor que o primeiro filme do Homem Aranha, mantém a aura dos Vingadores viva e traz algumas revelações deliciosas e impensáveis que mostra o quão apurado é o roteiro do universo Marvel.
Curiosidades:
– Happy Hogan (Jon Fraveau) acha uma delícia quando Tia May está na cozinha numa determinada cena. Fraveau atualmente comanda um reality show sobre cozinha chamado The Chef Show, prática que se apaixonou desde dirigiu a ótima comédia “Chef”.
– A mala de Peter Parker tem as iniciais BFP. É a referência a Benjamin Franklin Parker, seu Tio Ben que morreu e foi daí que Peter virou um combatente do crime.
– A cena do trailer em que o Homem Aranha derrota os assaltantes em um restaurante não aparece no filme, apesar de ser rapidamente citada pela Tia May numa cena.
– Peter pergunta para Nick Fury sobre a Capitã Marvel (essa cena aparece no trailer) e é a primeira vez que alguém se refere a Carol Danvers pelo seu “nome de heroína”.
– No passaporte de Peter Parker, seu aniversário é 10 de agosto, data do lançamento da primeira revista do Homem Aranha. O ator faz aniversário em 1 de junho.
– Jake Gyllenhaal que faz o papel de Mysterio estava no páreo para ser Peter Parker na primeira franquia do Homem Aranha de Sam Raimi, mas perdeu para Tobey Maguire.
– Inclusive nessa franquia, haveria um quarto filme (que foi cancelado) e o vilão principal seria o Mysterio e iria ser interpretado por Bruce Campbell, amigo de infância de Sam Raimi e fez participações em todos os três filmes da primeira franquia.
– Samuel L. Jackson e Jon Favreau são os dois únicos atores que apareceram no primeiro filme do Mundo Cinematográfico da Marvel, “Homem de Ferro”, e agora aparecem no último filme da fase 3 desse universo.
– Quando Peter e Mysterio estão num bar conversando, a música que está tocando faz parte da peça de teatro musical Billy Elliot, onde o ator Tom Holland é o protagonista.
– Há uma cena onde é mencionado rapidamente um artigo sobre marinheiro chamado Morris Bench que participou de experiências submarinas. Ele é nos quadrinhos o vilão Hydro-Man. Por enquanto foi apenas uma referência.
– Há várias cenas que referenciam diferentes modelos de uniformes do Homem-Aranha que já apareceram nos quadrinhos. Inclusive uma em particular, ele usa o mesmo “uniforme” de Miles Morales na animação “Homem-Aranha no Aranhaverso” que obviamente também veio dos quadrinhos.
– A música que toca no jatinho de Happy Hogan quando ele levanta vôo é Black in Black da banda AC/DC, a qual tocou no primeiro “Homem de Ferro”. Só que ironicamente Peter se confunde achando que a música é Immigrant Song do Led Zeppelin, que não coincidentemente, tocou em “Thor: Ragnarok”
– Há uma rápida cena no final onde aparece o antigo prédio dos Vingadores com uma fachada onde se lê “Você não pode esperar o que está por vir! 3… 2… 1…”, o que pode ser uma referência de que a OsCorp (do Duende Verde) comprou o prédio.
– Quando Mysterio fala sobre o multiverso, ele diz que veio de outra dimensão e que esse planeta seria a Terra-616 (ou seja, da dimensão 616). Apesar de o conceito de multiverso (ainda) não ter sido apresentado no Universo Marvel de Cinema, nos quadrinhos realmente essa é a Terra-616.
– Primeiro filme da Marvel sem a participação de Stan Lee devido a sua morte. Ainda assim, ele e Steve Ditko, ambos criadores do Homem-Aranha são homenageados.
– A maioria das placas dos carros do filme começam com ASM ou TASM que é o acrônimo de The Amazing Spider Man. E o número geralmente se refere a alguma edição e data de quando a edição da revista foi lançada.
– Quando os colegas de Peter mais Happy estão fugindo dos drones na Torre de Londres, eles pegam armas que são uma homenagem ao trio de Vingadores originais:
— Betty usa uma armadura (Homem de Ferro)
— MJ usa um martelo medieval (Thor)
— Ned usa um escudo (Capitão América)
SPOILER! SÓ LEIA DEPOIS DE TER VISTO O FILME!!!
– Pela primeira vez na história de qualquer franquia, um mesmo ator volta para representar um mesmo personagem em franquias diferentes: J.K. Simmons interpretou o chefe do jornal Daily Beagle, J. J. Jameson, na primeira trilogia de “Homem-Aranha” de Sam Raimi e agora volta na cena pós créditos no Universo da Marvel.
– Rolou uma teoria de fã logo depois de “Capitã Marvel” que Nick Fury seria um Skrull. Essa teoria é – EM PARTE – confirmada na cena pós créditos onde descobrimos que durante o filme inteiro Nick Fury era Talos disfarçado, enquanto o verdadeiro estava de férias na colônia espacial que serve de base para a Capitã Marvel e seu time. O “em parte” fica por conta que a teoria do fã dizia que Nick Fury estaria morto. Mas a grande pergunta é: desde quando Talos se faz passar por Nick Fury? A teoria teria a resposta: em “Capitã Marvel”, Nick Fury está na lanchonete com Carol e prova que não é um Skrull falando algo que só ele saberia: ele odeia torrada cortada na diagonal. Só que em “Vingadores – A Era de Ultron”, há uma cena onde ele prepara uma torrada e a corta na diagonal! Ou seja, desde lá ele já seria Talos disfarçado. Indo mais além, após os eventos do primeiro “Vingadores”, Nick Fury entendeu que a Terra já estaria com seus super-heróis formados e trocou de lugar com Talos para assumir o comando das operações espaciais. No próprio filme do Homem-Aranha, isso se confirma quando ele diz que conheceu Peter no funeral de Tony (ou seja, já era Talos) e que, portanto, ele também desapareceu com o estalo de Thanos em “Guerra Infinita”. E por aí vai. Uma das grandes revelações que chacoalha tudo o que sabíamos até então.
Ficha Técnica
Elenco:
Tom Holland
Samuel L. Jackson
Jake Gyllenhaal
Marisa Tomei
Jon Favreau
Zendaya
Jacob Batalon
Tony Revolori
Angourie Rice
Remy Hii
Martin Starr
J.B. Smoove
Jorge Lendeborg Jr.
Cobie Smulders
Numan Acar
Direção:
Jon Watts
Produção:
Kevin Feige
Amy Pascal
Fotografia:
Matthew J. Lloyd
Trilha Sonora:
Michael Giacchino
