GOAT (“Him”)

Produzido pelo popular Jordan Peele, esse é aquele tipo de filme que chamo de terror visual: quando a história é fraca ou pode até ser boa, mas não é bem contada e, sabendo disso, o diretor apela em usar uma abordagem visual em que bombardeia o espectador com estímulos para esconder ou diluir a falta de nexo causal entre os eventos.

Antes da sinopse, uma breve explicação: A expressão GOAT no esporte é uma sigla para “Greatest Of All Time”, que em português significa “O maior de todos os tempos”. Ela é usada para se referir a atletas que são considerados os melhores da história em suas modalidades — aqueles que atingiram um nível tão alto de desempenho, títulos e influência que se destacam acima de todos os outros.

Tyriq Withers, visto recentemente em “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado” é Cam, o mais promissor jogador de futebol americano do momento que, num estranho evento, teve uma fratura na cabeça. Para se recuperar e treinar para a próxima temporada, vai passar uma semana em retiro na casa de seu ídolo do futebol, Isaiah (Marlon Wayans de “Air” entrando no gênero terror), o qual também teve um acidente parecido na sua juventude. A semana vai se provar muito mais sinistra do que Cam imagina.

Ao chegar ao final do filme que é uma mistura surreal de carnificina, o espectador consegue entender direitinho tudo o que aconteceu. É justamente isso que deixa “o que aconteceu” pior. Sem conseguir manter uma construção de tensão, o diretor novato Justin Tipping divide cada dia em capítulos que muitas das vezes não tem muita relação com o momento dos personagens. Inclusive o roteiro foi reescrito várias vezes durante as filmagens e por isso que há momentos que inicialmente parecem importantes e depois são completamente esquecidos.

Daí vai jogando várias cenas muito visuais meio aleatórias, às vezes no formato de pesadelo ou de visão do protagonista, e outras até mesmo uma realidade meio absurda e difícil de engolir.

O principal erro do roteiro é tentar enfiar guela abaixo do público uma série de elementos que pouco assustam e pouco agregam no resultado do clímax.

Em “GOAT” pegaram uma trama conhecida no gênero e, ao invés de incrementar ou subverter a história, jogaram o roteiro fora e tentaram turbinar visualmente pedaços de história que pouco se conversam. Prometeu muito e entregou pouquíssimo.

Curiosidades:

  • No Brasil o título do filme ficou como “GOAT” mesmo sendo uma expressão em inglês. Originalmente o filme iria se chamar “GOAT”, mas antes de lançar foi mudado para “Him” (“Ele”), o que talvez propositalmente lembra outro filme produzido (e dirigido) por Jordan Peele, “Nós”.
  • A cena da bola girando em pé que é chamariz para o restante dos eventos no filme também é uma analogia a outro filme de Jordan Peele, “Não! Não Olhe!”, onde há uma cena onde um sapato fica também “magicamente” em pé e em ambos os filmes, o significado é o mesmo: é um símbolo do trauma e da fascinação pelo inexplicável.
  • Finalmente há mais uma homenagem – ou piada interna – a outro filme de Peele, “Corra!”, na cena em que, após ver algo semelhante a um ritual, Cam dispara “Isso daí não é coisa de branco, né?” – sendo que em “Corra!” são os brancos que fazem o ritual. Junta-se a isso o não coincidente fato de que o sobrenome de Isaiah é White (Branco em inglês).

Ficha Técnica:

Elenco:
Marlon Wayans
Tyriq Withers
Julia Fox
Tim Heidecker
Jim Jefferies
Maurice Greene
Indira G. Wilson

Direção:
Justin Tipping

História e Roteiro:
Zack Akers
Skip Bronkie
Justin Tipping

Produção:
Ian Cooper
Simon Firsht
Jordan Peele
Win Rosenfeld
Jamal M. Watson

Fotografia:
Kira Kelly

Trilha Sonora:
Bobby Krlic

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