Face Oculta (“Peacock”)

Cillian Murphy de “O Origem” é John, que quando menino sofreu uma série de abusos da mãe e, após seu falecimento, desenvolveu um transtorno de personalidade: em determinados momentos do dia ele continua sendo John, tímido e submisso rapaz que trabalha num banco. Porém, quando está só em casa ele se transforma em Emma como uma personalidade materna que cuida e também manda em John.

Sua inconsciente sagacidade preserva essa dupla personalidade longe da vista alheia, mas um acidente em sua casa enquanto ele está como Emma fará com que as pessoas pensem que Emma é esposa de John e esse será um segredo que ele vai guardar a qualquer custo.

Um drama travestido de suspense que tem em seu ponto alto a atuação sempre brilhante de Murphy. Chega a ser tocante a dor do personagem em lidar com duas personas completamente diferentes e a avalanche de acontecimentos quando várias pessoas de sua comunidade começam a invadir a sua vida, principalmente com a descoberta de que ele teve um filho com uma prostituta Maggie (Ellen Page que também trabalhou com Murphy em “A Origem“).

O diretor estreante Michael Lander conseguiu conferir um peso dramático sem igual, iniciando os créditos de forma tão arrebatadora como se estivesse num filme de terror e, junto com Murphy, caminha numa espiral de tensão crescente com um terceiro ato interessantíssimo onde leva o espectador a um clímax e logo após um anticlímax, desvelando seu final de modo ambíguo para o espectador fazer uma profunda análise comportamental.

Face Oculta” é um drama de direção firme que surpreende com um elenco estrelar e afinado com um protagonista sensacional, além de uma cuidadosa produção, resultando num filme enérgico que merecia mais indicações a prêmios do que obteve. Recomendadíssimo.

Ficha Técnica

Elenco:
Cillian Murphy
Ellen Page
Susan Sarandon
Josh Lucas
Bill Pullman
Graham Beckel
Keith Carradine
Eden Bodnar
Chris Carlson
Virginia Newcomb
Jaimi Paige

Direção:
Michael Lander

Produção:
Barry Mendel

Fotografia:
Philippe Rousselot

Trilha Sonora:
Brian Reitzell

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Respostas de 2

  1. Que filme estranho.
    Realmente, é muito bem feito.
    Angustiante ver John preso em si mesmo.

    Mas, será que ninguém percebeu o traveco não é?

  2. Brilhante! Filme para ser exibido em cinema de universidade na lição de “como fazer um bom filme, gastando pouco, utilizando um excelente ator como ponto central, e com vários outros astros em volta, mas sem prevalecer o ego destes, e sim contribuírem com a história. Cillian Murphy fez testes para o papel de Bruce Wayne em Batman Begins, porém, devido a complexão física de Bale, Murphy foi preterido, porém seu desempenho chamou a atenção a tal ponto que lhe foi oferecido o papel do vilão Espantalho no mesmo filme. E neste filme ele simplesmente arrasa em cada aparição, tornando paulatinamente seu alter ego feminino não só uma parte de sua personalidade mas sim a própria parte dominante. A luta interna de John nos emociona ao ver que o mesmo não tem o menor domínio sobre Emma. Quanto ao que poderia ser óbvio como notar as vestes femininas em um corpo masculino, Cillian usa a própria personalidade de John como trunfo, a persona masculina é tão reclusa, tímida e dominada que jamais encara os demais face a face, sempre estando de cabeça baixa o que inibe a comparação posterior com a persona feminina, fora a perfeita colocação da voz de Murphy. Essa diferença de postura, voz e trejeitos se torna de fundamental importância e entendimento em uma das cenas finais do filme, que como Aldo menciona, se dá ao luxo de ter um clímax e um anti-clímax, mas sem deixar lacunas no destino reservado ao personagem principal. Em resumo, vale o ingresso, a locação e eu diria mais, vale a compra do dvd/blu-ray. Destaque para Ellen Page que prova não ser apenas uma atriz de comédias adolescentes, e para Bill Pullman que em seu papel me lembra muito um chefe que tive e creio que o Aldo conheça e identifique. Antes que eu me esqueça, já anotei o nome do diretor, Michael Lander, espero que não venha se tornar um novo M. Night Shyamalan.

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