Eternos (“Eternals”)

Bora combinar que a tarefa não era fácil: em apenas 1 filme, introduzir e aprofundar praticamente 10 personagens que até então nunca tinham aparecido no MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), o que para a grande maioria do público seria conhecê-los pela primeira vez.

Para se ter uma idéia da dificuldade, até para os principais personagens da Marvel, demorou pouco mais de 4 anos para que houvesse um filme com todos eles, desde “O Homem de Ferro” de 2008 até o primeiro “Os Vingadores” em 2012. O mais próximo dessa façanha foi “Guardiões da Galáxia” de 2014 que, ainda assim, tem menos heróis que os Eternos.

De quebra entregaram o filme na direção de Chloé Zhao, vencedora do Oscar por “Nomadland”, mas ainda seu terceiro-longa metragem. Com todos esses elementos postos, pode-se dizer que “Eternos” é um sucesso. Ainda mais: é o filme mais humano da Marvel sem deixar de ter aventura e a costumeira ação, e ainda algumas reviravoltas surpreendetes.

Os Eternos foram enviados à Terra há milhares de anos pelos poderosos Celestiais que são criadores de galáxias inteiras. Sua missão aparentemente é defender os humanos contra os Deviantes, uma raça considerada uma criação errônea dos Celestiais. Após a derrota dos Deviantes, os Eternos passam a viver suas vidas como humanos até que, na atualidade, misteriosamente os Deviantes voltam e ameaçam não só a Terra, como também o equilíbrio entre os próprios Eternos.

Com algumas poucas (e boas) referências ao universo Marvel, o roteiro acerta em cheio em uma das reviravoltas onde relaciona o Blip (como é chamado o momento em que Thanos fez desaparecer com metade dos seres do universo) com os eventos atuais. Além disso, ainda brinca com o universo DC numa tirada engraçadíssima e até mesmo com “Star Wars”.

Com toda a ação e efeitos especiais de primeira, o fator humano é fundamental e primordial: o filme é sobre conexão, seja entre Eternos e humanos, seja entre os próprios. É um questionamento constante da natureza humana, seja destrutiva ou construtiva e como amá-los mesmo dentro desse dilema.

A inclusão da diversidade marca outro golaço e ainda estabelece um paralelo sensacional: como os Eternos não foram criados com nenhum dogma humano, tudo é perfeitamente normal e portanto, temos o primeiro herói gay e beijo gay do MCU, a primeira cena de sexo (mesmo que muito breve), a primeira heróina com necessidades especiais e, inclusive, um ponto importante é que a personagem sendo surda-muda nunca é vista como um defeito, mas como um modo diferente de comunicação, pois sem os preceitos humanos, não existe em si a forma certa ou errada para se comunicar (e por sinal no último ato há uma cena ótima dela dando uma surra em um dos vilões).

Apesar de entendermos bem quem são os Eternos “principais” e quem são os “coadjuvantes”, a diretora consegue dar espaço para que todos possam cativar o público e não cai na cilada de focar apenas nas estrelas Angelina Jolie e Salma Hayek… pelo contrário!

O roteiro desenha reviravoltas ótimas e algumas tão humanas e filosóficas quanto os questionamentos que propõe. E ainda pena um pouco para colocar na cabeça do espectador porque os Eternos ficaram em silêncio nas grandes ameaças da Terra no MCU, como Loki, Ultron e Thanos.

O novo universo da Marvel que se abre com “Eternos” é empolgante, cheio de nuances e não deixa a desejar em ritmo e ação para nenhum dos outros filmes. É ver com coração aberto e deixar a energia entrar.

E claro, há duas cenas pós créditos.

Curiosidades:

– Coisa rara no MCU: uma atriz que fez papéis diferentes. Gemma Chan que é Sersi, praticamente a principal dos Eternos atuou em “Capitã Marvel” como a Skrull Minn-Erva. Chan conta que ficou surpresa quando Kevin Fiege ofereceu o papel principal em Eternos.
– No meio das filmagens nas Ilhas Canárias, descobriram restos de explosivos feitos em testes militares e todos precisaram ser evacuados temporariamente.
– Com 157 minutos, é o segundo filme mais longa da Marvel depois de “Vingadores: Ultimato”.
– Primeiro filme do MCU dirigido por uma vencedora do Oscar.
– Nos quadrinhos, Ajak, Makkari e Sprite são homens. No filme são mulheres.

SPOILERS – SÓ LEIAM DEPOIS DE VER O FILME!!!

– Na primeira cena pós créditos, conhecemos o irmão de Thanos, Eros, e seu fiel escudeiro Pip. Nos quadrinhos Pip divide sua atenção entre Eros e Adam Warlock que aparece sendo criado em uma das cenas pós créditos de “Guardiões da Galáxia 2”. Esse pode ser o link com nossos heróis já conhecidos.
– A segunda cena pós créditos é a que vai deixar todo mundo curioso. Aparece o namoradinho de Sersi, Dane Whitman (esse sobrenome só é pronunciado nessa cena), encarando uma espada aparentemente com poderes mágicos. Whitman é descendente do Cavaleiro Negro, o cavaleiro mais forte do Rei Arthur (cuja espada Excalibur é inclusive citada numa das cenas no filme). E, segundo entrevista da diretora para o site Fandome, a voz que aparece no final é de ninguém menos que Blade, o caçador de vampiros que terá (novamente) sem filme solo em 2023. Eu jurava que era do Nick Fury.

Ficha Técnica

Elenco:
Gemma Chan
Richard Madden
Angelina Jolie
Salma Hayek
Kit Harington
Kumail Nanjiani
Lia McHugh
Brian Tyree Henry
Lauren Ridloff
Barry Keoghan
Ma Dong-seok
Harish Patel
Bill Skarsgård
Harry Styles
Patton Oswalt
Haaz Sleiman
Esai Daniel Cross
Alan Scott
Hannah Dodd
Adrià Escudero
Sebastián Capitán Viveros
David Kaye

Direção:
Chloé Zhao

Produção:
Kevin Feige
Nate Moore

Fotografia:
Ben Davis

Trilha Sonora:
Ramin Djawadi

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