Poucos livros são escritos tão descaradamente para seguir a mesma trajetória de outrem. Não é a toa que “Dezesseis Luas” está sendo vendido como o novo “Crepúsculo”: best seller que é adaptado para o cinema e suas continuações idem. Conta a mesma história numa cidadezinha dos EUA sobre um amor fadado a ser impossível por elementos sobrenaturais, mas que supera a tudo após transitar por muitos obstáculos. E tal qual, tem crateras monumentais do roteiro.
A “Bella” da vez atende por Lena Duchannes (a até então desconhecida Alice Englert) que vem de uma família de bruxos divididos entre a luz e as trevas. Prestes a fazer dezesseis anos, a magia irá escolher para qual lado ela vai no seu aniversário. É aí que ela conhece o “Edward” da vez, Ethan (o desconhecido tal e qual Alden Ehrenreich) o primeiro ator que tem cara de trinta anos, mas foi escalado pra fazer um papel de adolescente de dezessete.
Os temas aqui se repetem, apesar da troca de papéis em relação a Crepúsculo onde dessa vez quem detém o elemento sobrenatural é a mocinha. Vamos comparar esta produção com a primeira parte de “Crepúsculo”:
Porque “Dezesseis Luas” é melhor que Crepúsculo?
Resposta: Por muitos motivos. Primeiramente, ao invés de se concentrar em apenas uma paixão de adolescente vivida de forma desastrada, a produção investe em subtramas, como o próprio conflito familiar, que agregam mais valor à narrativa e suas implicações na trama parecem ser bem mais importantes e influentes para os personagens. O próprio design de produção e efeitos especiais são infinitamente melhores. A combinação do casal de protagonistas funciona de forma bem mais fluida, apesar de faltar o carisma de Alice Englert que mesmo com todas as limitações artísticas da “Bella” Kristen Stewart, nesta sobrava. Já Ehrenreich encarna um bonachão gente fina com muito mais desenvoltura que a cara de plástico do Robert Pattinson.
Porque não deve fazer o mesmo sucesso que Crepúsculo?
Resposta: Porque esse tipo de caminho dá mais certo na primeira vez. A tese de que quem chega primeiro, bebe água limpa. Segundo porque na ânsia de se ganhar dinheiro, o livro não teve o timing para cair nas graças do público teen e, apesar de estar como campeão de vendas, ainda faltava muito para chegar na exposição que a saga de Stephanie Meyer teve.
Finalmente “Dezesseis Luas” preserva a tradição de um romance de ação teen de ter falhas narrativas monstruosas, algumas como a da perda de memória (perguntem-me pra saber qual é) que carregam até uma espécie de vergonha alheia. Entretanto, nivelando pelos filmes do gênero, “Dezesseis Luas”, dirigido pelo mesmo Richard LaGravenese de “P.S. Eu Te Amo“, é um bom passatempo onde, mesmo com ressalvas, garante diversão e faz mais do que jus a uma boa continuação. Deixa “Crepúsculo” no chinelo.
Ficha Técnica
Elenco:
Alden Ehrenreich
Alice Englert
Jeremy Irons
Viola Davis
Emmy Rossum
Thomas Mann
Emma Thompson
Eileen Atkins
Margo Martindale
Zoey Deutch
Tiffany Boone
Rachel Brosnahan
Kyle Gallner
Pruitt Taylor Vince
Direção:
Richard LaGravenese
Produção:
Broderick Johnson
Andrew A. Kosove
Molly Smith
Erwin Stoff
Fotografia:
Philippe Rousselot
Trilha Sonora:
Thenewno2