É uma mistura de “De Volta Para o Futuro” com “Pânico”. Inclusive ambos os filmes são citados nominalmente diversas vezes ao longo da história. E para que esconder se deu muito certo?
Kiernan Shipka cresceu fazendo TV e agora está no streaming (ok, ainda TV) como Jamie, jovem que sem querer, volta no tempo para 1987 no dia em que se inicia uma série de misteriosos assassinatos das amigas de sua mãe. Ela vai tentar impedir que eles aconteçam, mas corre o risco de mudar o futuro.
Eles acertam em quase tudo, a começar por todas as referências com “De Volta para o Futuro“, algumas até mesmo explicadas para os neófitos ou esquecidos. Ela se comparar a Marty McFly foi ótimo, principalmente na parte em que tenta impedir que seus pais fiquem (o oposto de Marty), já que eles deveriam ficar somente anos depois.
As referências à “Pânico” também estão afiadas, seja nas pistas do mistério do assassino, inclusive na dúvida que eles mesmo colocam se há mais de um vilão e também na resolução dos crimes e do futuro, o que também lembra um pouco de “Efeito Borboleta”.
A diretora Nahnatchka Khan de “Meu Eterno Talvez” acha o tom certo entre a comédia e o suspense de terror, cenas que arrancam risadas involuntárias, pois constroem um absurdo que faz sentido, e nessa hora o elenco diverso tem um timing cômico muito bom.
Se talvez falte um pouquinho de sal na protagonista, a atriz Olivia Holt de “Somos Todos Iguais” dá um show de comédia como a mãe de Jamie no passado e praticamente rouba todas as cenas em que participa. As cenas de violência não deixam a desejar e muito menos são apelativas, com a brutalidade e quantidade de sangue na medida certa para deixar o humor fluir sem parecer trash.
A cereja do bolo é a sensacional crítica social que a produção faz ao comparar o comportamento dos anos 80 com os dias atuais, quando Jamie vê exemplos de bullying, machismo e misoginia correndo soltos naquela época. Tudo sendo mostrado de uma forma suave, ao mesmo tempo em que a crítica vai tanto para o passado, quanto para o presente que parece não entender o anacronismo.
Finalmente um dos elementos que toda viagem aos anos 80 precisa e aqui tem de sobra e com precisão, é o figurino e a trilha sonora. O compositor Michael Andrews de “Doentes de Amor” e a diretora escolheram a dedo músicas como BIzarre Love Triangle do New Order, Venus do Bananarama, Lady in Red do Chris De Burgh, só para citar algumas das mais conhecidas em terras brasileiras.
“Dezesseis Facadas” é diversão da melhor qualidade, filmaço de viagem no tempo e uma história que realmente faz sentido de ser construída e acompanhada.
Curiosidades:
- No início, o narrador conta cada um dos três crimes. Cada história ele começa com o título de um filme. Na primeira ele começa com “Sweet Sixteen” de 1983, na segunda com “Cabin in the Woods” (O Segredo da Cabana) e a terceira com “Halloween”.
- A protagonista se chama Jamie em homenagem a Jamie Lee Curtis de “Halloween”.
- O sobrenome da protagonista é Hughes, homenagem ao diretor John Hughes de “Clube dos Cinco”, cuja atriz Molly Ringwald é citada constantemente como inspiração oitentista.
- Há uma cena sobre ainda não haver métodos para se descobrir o assassino através do DNA. Esse método foi usado pela primeira vez no mesmo ano de 1987 na Inglaterra.
- As inspirações da máscara do assassino foram: Kiefer Sutherland, Dolph Lundgren, Rob Lowe e Johnny Bravo.
Ficha Técnica:
Elenco:
Kiernan Shipka
Olivia Holt
Charlie Gillespie
Lochlyn Munro
Troy Leigh-Anne Johnson
Liana Liberato
Kelcey Mawema
Stephi Chin-Salvo
Anna Diaz
Ella Choi
Jeremy Paul
Nathaniel Appiah
Jonathan Potts
Randall Park
Julie Bowen
Zachary Gibson
Nicholas Lloyd
Kimberly Huie
Patti Kim
Direção:
Nahnatchka Khan
História e Roteiro:
Jen D’Angelo
David Matalon
Sasha Perl-Raver
Produção:
Jason Blum
Greg Gilreath
Adam Hendricks
Fotografia:
Judd Overton
Trilha Sonora:
Michael Andrews
