O filme ainda faz parte dessa era da Marvel pós “Ultimato” que meio que se perdeu, junto com a perda de Steve Rogers e Tony Stark. Não que todos os filmes e séries foram ruins, mas muitas decisões tomadas a cerca deles sim, salvando-se uma ou outra pérola, como “Homem-Aranha – Sem Volta Para Casa”.
Nessa, digamos, era, ainda teremos em breve “Thunderbolts*” e daí sim, a Marvel pretende dar uma guinada em sua narrativa com “O Quarteto Fantástico”.
Por outro lado, a quantidade de energia negativa pairando em torno do novo capitão américa, agora na pele de Sam Wilson (Anthony Mackie) não se justifica. Tá certo que a trama é uma colcha de retalhos de várias tramas anteriores, inclusive a escancarada cópia da fórmula de controle da mente (com poucas variações) vista em “O Soldado Invernal” e “Guerra Civil”. Ainda assim, é uma boa trama, não é confusa (apesar de problemas na produção que constam nas curiosidades), e tem uma boa dose de ação.
O “Indiana Jones” Harrison Ford pega o papel do General Ross do finado Willam Hurt (falecido em 2022), que agora é alçado e Presidente dos EUA. Nesse momento crucial, Sam se vê em meio a uma conspiração para aparentemente matar Ross (que também não é flor que se cheire) e para isso vai contar com a ajuda do novo Falcão, Joaquin (Danny Ramirez de “Sem Saída”) que mais parece um cosplay menos sofisticado de “O Besouro Azul” da DC, sendo que ele foi promovido, após Sam ter herdado o escudo.
O diretor Julius Onah (“Luce”) consegue equilibrar bem ação, alguns bons diálogos e o suspense do vilão, mesmo embalado num pacote genérico, até porque mesmo sendo um bom ator Mackie está longe de ter o carisma de Chris Evans (que por sua vez teve uma construção no MCU bem mais elaborada).
O que de bom o filme faz e não dá para negar:
- Resgata e fecha o arco de história aberto lá em “O Incrível Hulk” de 2008.
- Deriva da uma das poucas séries da Marvel que prestou, “Falcão e o Soldado Invernal”.
- Dá sentido aos acontecimentos de “Eternos”.
- Talvez tenha uma das melhores lutas com um Hulk (dessa vez o vermelho) com ele sendo tudo o que deveria antes de Mark Ruffalo assumir.
Como fan service tem seus altos e baixos, com uma participação desnecessária e outra muito interessante (no final). Além disso, os coadjuvantes não marcam: Harrison Ford está no automático e nem se preocupa em fingir, enquanto os demais personagens tem pouquíssima identificação com o público, desde o Besouro que virou Falcão até a chefe de segurança do presidente que guarda uma surpresinha.
“Capitão América – Admirável Mundo Novo” e um ótimo filme de ação que oferece o que pode como produto Marvel e não faz feio, mesmo que tenha uma construção baseada em outras tramas e sem presenças marcantes. Há uma cena pós créditos meio óbvia apenas bem no final.
Curiosidades:
- O personagem Coral, interpretado por Giancarlo Esposito NÃO EXISTIA até a pós-produção. O diretor achou que o filme estava fraco e daí chamou o ator para fortalecer a trama. Por isso que as cenas com ele sempre são separadas das demais.
- Com Harrison Ford no lugar do finado William Hurt, essa é a sexta vez que um ator do MCU é substituído, mas é a primeira vez que isso acontece devido a um falecimento.
- Segunda vez que Harrison Ford interpreta o Presidente dos EUA, sendo a primeira em “Força Aérea Um” em 1997.
Ficha Técnica:
Elenco:
Anthony Mackie
Harrison Ford
Danny Ramirez
Shira Haas
Carl Lumbly
Tim Blake Nelson
Giancarlo Esposito
Xosha Roquemore
Jóhannes Haukur Jóhannesson
William Mark McCullough
Takehiro Hira
Harsh Nayyar
Rick Espaillat
Direção:
Julius Onah
História e Roteiro:
Rob Edwards
Malcolm Spellman
Dalan Musson
Julius Onah
Peter Glanz
Produção:
Kevin Feige
Nate Moore
Fotografia:
Kramer Morgenthau
Trilha Sonora:
Laura Karpman