O grande desafio do capitalismo Hollywoddiano é dar fôlego a grandes franquias que, em tese, já poderiam ter acabado, mas que com uma espremidinha, pode ainda dar alguns dólares a mais. E essa corrida se acelera esses tempos porque os artistas já estão envelhecendo e precisam revisitar seus grandes papéis antigos antes que a idade avançada ou até mesmo a morte mate a chance (sem trocadilhos) de mais um filminho no currículo. Às vezes funciona, outras não.
O novo capítulo da vida de Bridget Jones aparece em vésperas da franquia completar 25 anos (o primeiro foi em 2001). Essa franquia tem uma diferença para muitas que giram em torno de ações e conflitos, enquanto esta gira em torno de uma pessoa. Talvez por isso o espectador vai se identificar tanto com ela – a franquia e Bridget – e também por isso o filme faça tão bonito, mesmo com uma trama obviamente caça níqueis.
Porque para tirar o “felizes para sempre” de “O Bebê de Bridget Jones”, feito em 2016, tiveram que matar o coitado do Mark Darcy (Colin Firth que aparece apenas como lembrança). Na pista novamente e em luto, Bridget deve tentar cuidar de seus – agora – dois filhos, saber lidar junto com eles a perda do marido e pai, e finalmente se empoderar seja no âmbito profissional ou pessoal. E é no pessoal que surge o tal garoto do título, pelo qual ela, já quarentona, vai ter um caso (o desconhecido Leo Woodall).
Dirigido por Michael Morris (do premiado “Para Leslie”), a produção consegue um feito de equilibrar comédia, drama e romance num mesmo prato sem deixar com que a mistura cause desconforto, ao mesmo tempo em que presta várias homenagens à franquia, a começar pela participação, mesmo que mínima, de todo mundo que foi de alguma relevância nos últimos 3 filmes.
Se desse leque podemos sentir falta de Patrick Dempsey de “O Bebê de Bridget Jones”, o qual só aparece em cenas de arquivo pós-créditos, por outro lado, temos o sempre brilhante, carismático e incorrigível Hugh Grant que fez com que o seu Daniel fosse um dos coadjuvantes mais icônicos das comédias românticas. E ele está ótimo com suas tiradas sarcásticas típicas.
Na parte de comédia Renée Zellweger segura bem suas gags físicas e bons diálogos, além da parte romântica onde adentra o bom humor, apesar de um terceiro ato que se resolve rápido.
Por incrível que parece, é o drama lá no fundo que vira o motor propulsor do filme, pois se a franquia fala sobre uma vidas, sendo que uma delas foi ceifada, há uma linda discussão sobre o que fica e o que vai de cada um de nós, o que não deixa de ser cerne da franquia: os estágios pelo qual a nossa vida passa. A cena do número musical da escola é de puxar lenços para limpar as lágrimas sem dó nem piedade.
“Bridget Jones: Louca Pelo Garoto” ganha pela alma que tem, pela boa comédia (mesmo que previsível), pela homenagem que faz à franquia e pelo carinho com que trata seus personagens ao longo de todos esses anos.
Com as cenas de arquivo pós créditos, podemos dizer que fechou muito bem o “felizes para sempre” de Bridget Jones.
Curiosidades:
- A hora em que o jovem interesse amoroso de Bridget pula na piscina e tira a roupa é uma homenagem a outro personagem de Colin Firth, também chamado Darcy onde ele faz a mesma coisa na série de 1995 “Orgulho e Preconceito”.
- O suéter que o filho de Mark usa no fim do filme é o mesmo que o pai usa no primeiro “O Diário de Bridget Jones”.
- Primeiro filme da franquia dirigido por um homem.
Ficha Técnica:
Elenco:
Renée Zellweger
Chiwetel Ejiofor
Leo Woodall
Hugh Grant
Colin Firth
Nico Parker
Mila Jankovic
Casper Knopf
Elena Rivers
Neil Edmond
Sally Phillips
Dolly Wells
Mark Lingwood
Claire Skinner
James Rawlings
Ruth Gibson
Jane Fowler
Toby Whithouse
Ian Midlane
James Callis
Shirley Henderson
Gemma Jones
Emma Thompson
Sarah Solemani
Neil Pearson
Jim Broadbent
Direção:
Michael Morris
História e Roteiro:
Helen Fielding
Dan Mazer
Abi Morgan
Produção:
Tim Bevan
Eric Fellner
Jo Wallett
Fotografia:
Suzie Lavelle
Trilha Sonora:
Dustin O’Halloran