Primeiro: me recuso a escrever o ridículo subtítulo “O destino do mundo está em jogo”. Agora sim, vamos começar: havia um bom filme em algum lugar do que era para ser esse filme. Dava para iniciar uma discussão sobre a diferença entre adaptar um game e um livro, mas essa produção, vinda do jogo homônimo é tão meia boca que seria um desperdício de escrita filosofar sobre.
O pior é que “Borderlands” teria todos os elementos para ser, senão uma ótima adaptação, pelo menos um excelente filme de ação, mesmo que não fosse fiel ao material original.
Cate Blanchett (“Tar”) é Lilith, uma mercenária contratada por o dono de uma grande corporação para voltar ao seu planeta natal e capturar a filha dele Tina (Ariana Greenblatt de “Barbie”) que fugiu com a ajuda de outro mercenário, Roland (Kevin Hart de “Duro de Atuar”). Só que ela descobre uma conspiração para achar uma misteriosa arca e acaba se juntando ao grupo de desajustados.
Na essência do roteiro, há ótimos elementos de “Os Guardiões da Galáxia”, “O Vingador do Futuro”, e até um pouco de “Star Wars”. O maior problema é que o filme é uma colcha de retalhos onde ninguém se entende: a dinâmica do grupo é aleatória, como se houvesse uma bipolaridade coletiva; a tal arca em si é um “MacGuffin”, termo foi popularizado pelo diretor Alfred Hitchcock e se refere a um objeto, evento ou personagem que serve como o ponto de partida ou o motivador da trama, mas que, em si, não tem grande importância para a história. Só que isso não foi proposital. A arca tem um propósito, mas simplesmente o filme termina e a gente não sabe como ela, por exemplo, traria paz ao planeta.
Os efeitos especiais são inconstantes, de medianos para ruins, o que é surpreendente com um elenco e produção daquele calibre. Há momentos em que claramente se percebem miniaturas ou CGI mal feito.
Como se não bastasse, há um dos erros mais grotescos de continuidade dos últimos tempos: há uma cena em que dois grupos de personagens são separados por vilões e uma porta trancada e, como num passe de mágica os dois grupos aparecem juntos novamente com os vilões em outro ponto. Aí fica difícil consumir o resto da trama com isso entalado.
“Borderlans” tem ação e humor, mas sua trama é tão fragmentada que não dá nem para comparar com o game, queimando a largada como uma produção apenas mediana.
Curiosidade:
- Eli Roth dirigiu o filme, mas a os produtores quiseram mudar tudo, pois acharam muito violento e que o filme teria condições de ser um blockbuster se amenizassem a censura. Roth foi contra, não quis fazer as refilmagens e foi dirigir o ótimo “Feriado Sangrento”. O filme ficou parado por 2 anos, até que contrataram o diretor Tim Miller (“Deadpool”) para refilmar mais da metade do filme. A trama ficou tão diferente que tiveram que fazer uma nova trilha sonora, pois a antiga já não encaixava mais. Por isso o filme ficou assim e deu no que deu.
Ficha Técnica:
Elenco:
Cate Blanchett
Kevin Hart
Edgar Ramírez
Jamie Lee Curtis
Ariana Greenblatt
Florian Munteanu
Janina Gavankar
Jack Black
Benjamin Byron Davis
Olivier Richters
Gina Gershon
Ryann Redmond
Haley Bennett
Direção:
Eli Roth
História e Roteiro:
Eli Roth
Joe Abercrombie
Produção:
Ari Arad
Avi Arad
Erik Feig
Fotografia:
Rogier Stoffers
Trilha Sonora:
Steve Jablonsky