Besouro (Brasil, 2009) ***NOS CINEMAS***

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Reza a lenda que Besouro foi um capoeirista da década de 20, onde a arte ainda era banida, mesmo com a abolição da escravatura consolidada (no papel pelo menos). Ele defendeu seu povo contra a opressão dos senhores de engenho e fez uma mudança fundamental na cultura da população para que a capoeira e seu povo praticante, fosse tolerada e posteriormente aceita, sendo hoje patrimônio cultural. O problema é que o filme a respeito do herói não traduz absolutamente nada desta lenda.

Ele, interpretado por Ailton Carmo sem carisma algum, começa como um preguiçoso e vaidoso que ao invés de proteger seu mestre capoeirista das ameaças de roda, prefere jogar capoeira e se exibir para os amigos. Por conta disso seu mestre é assassinado. Aliás, o que o tal mestre estava fazendo caminhando livremente pela cidade, já que tinha ampla ciência das ameaças contra sua vida? Enfim, com isso ele se isola pra treinar e volta com alguns poderes de Matrix. Só que aí, ele se torna um irresponsável, pois toma atitudes que colocam em risco seu próprio povo (lógico que por conveniência do roteiro, essa conseqüência é descartada). E pra completar ainda rouba a mulher do melhor amigo. Se esse é o herói, imagine os inimigos.

E pela fraca atuação de Ailton Carmo, o qual aparece sempre de olhos cerrados como se estivesse com sono ou tendo dificuldade para enxergar algo, são justamente os vilões que se destacam: Flávio Rocha como Coronel Venâncio apresenta uma personalidade multifacetada sendo, sem dúvida, o personagem mais rico da trama, enquanto Servílio de Holanda como seu capataz, além da maldade em pessoa, ainda funciona com alívio cômico, recitando piadas racistas provavelmente desconhecidas na década de 20, mas tudo bem.

E o que dizer da tão badalada participação do coreógrafo de Matrix para as lutas de “Besouro“? Bem, ele parece ter tirado umas boas férias por aqui, já que as lutas são apenas razoáveis e uma parte muito menor do enredo do que se poderia esperar.

A produção é claramente dividida em dois segmentos: a trama em si, que toma metade do tempo de projeção (uns 45 minutos) e a outra metade que parece mais um programa do Discovery Channell sobre as belas paisagens da Bahia, mas que pouco agrega na trama, além de algumas divagações do diretor João Daniel Tikhomiroff que passam a impressão (pelo menos é a impressão) de que foram feitas apenas para alongar o filme. Por mais que haja propósitos maiores para essas abstrações, isso apenas satura o espectador que deverá sair do cinema frustrado. “Besouro” ganha sim, nos aspectos técnicos como fotografia, edição e alguns efeitos especiais, na composição dos vilões, mas perde em todo resto, inclusive numa trilha sonora nada aderente. É uma lenda difícil de acreditar.

[rating:2]


Ficha Técnica

Elenco:
Aílton Carmo
Jéssica Barbosa
Anderson Santos de Jesus
Flávio Rocha
Irandhir Santos
Servílio de Holanda
Sérgio Laurentino
Nílton Junior
Leno Sacramento
Chris Vianna
Macalé
Adriana Alves

Direção:
João Daniel Tikhomiroff

Produção:
Vicente Amorim

Fotografia:
Christian Cravo

Trilha Sonora:
Pupillo
Tejo Damasceno
Rica Amabis

ELENCO

DIREÇÃO

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