Há mais de uma década a atriz Diane Keaton pegou para si a honrosa missão de mostrar em seus filmes que a terceira idade também é empoderada e pode ocupar espaços de jovens. Só que ao repetir o tema tentando novas abordagens, ela esbarra em situações meio que absurdas como no fraco “De Repente 70”.
Em “As Rainhas da Torcida”, pensar que ela lidera um grupo de senhoras que treinam para ser, como no inglês, cheerleaders, pode ser uma idéia de jerico… e é pelo menos até a metade do filme.
Ela é Martha, diagnosticada com câncer que se muda para uma comunidade exclusiva 60+ e lá se inspira em realizar o antigo sonho de ser líder de torcida, recrutando suas novas amigas, mesmo a contragosto da gestora do condomínio, e até mesmo participando de um concurso de líderes de torcida para jovens.
O início é uma bagunça com piadas sem graça e clichês do subgênero de terceira idade, além de Keaton repetir sua persona de mulher blasé, inclusive com o mesmo figurino de todos os seus outros filmes (o que não estranharia fosse sua roupa normal).
O que a desconhecida diretora Zara Hayes percebeu a tempo é que ao invés da força da personagem, é a sua fraqueza que a torna mais humana e, a partir da metade da trama, ela passa a focar no tema que mais tem afinidade com o gênero que é a finitude da vida e como essa fraqueza consegue virar força, mesmo com um grupo de personagens que vivem num mundo cercado por mortes próximas. Aliás, duas do grupo principal de atrizes faleceram de lá para cá.
Quando direção e roteiro entendem esse lado mais dramático, conseguem até fazer o humor funcionar melhor e daí o filme só faz crescer. Até mesmo o cerne da história que é senhoras vestidas de líderes de torcida para fazer suas coreografias fica muito mais pé no chão.
O desfecho que parece ser um tanto superficial, faz jus à construção da protagonista. e “As Rainhas da Torcida” consegue entrar nos trilhos a partir da metade, fazendo Diane Keaton perceber que a resposta para seu empoderamento está mais na superação das fraquezas do que nas fortalezas propriamente ditas.
Curiosidade:
- Rá! É baseado na história real das Sun City Poms que reúne senhoras entre 55 a 88 anos formado na década de 70 e se apresentam em várias cidades do Arizona desde então.
- O elenco decano fez um treinamento de 10 dias como líderes de torcida.
Técnica:
Elenco:
Diane Keaton
Jacki Weaver
Celia Weston
Alisha Boe
Charlie Tahan
Rhea Perlman
Phyllis Somerville
Pam Grier
Patricia French
Ginny MacColl
Bruce McGill
Alexandra Ficken
Dave Maldonado
Sharon Blackwood
Direção:
Zara Hayes
História e Roteiro:
Zara Hayes
Shane Atkinson
Produção:
Andy Evans
Rose Ganguzza
Celyn Jones
Sean Marley
Kelly McCormick
Alex Saks
Ade Shannon
Fotografia:
Tim Orr
Trilha Sonora:
Deborah Lurie