Podemos considerar esse filme como o primeiro spin-off nacional. Isto é, um filme que não é necessariamente uma continuação, mas contém elementos ou personagens do universo de outro filme, no caso “Chico Xavier“. Isso se considerarmos que “Nosso Lar” tem a mesma filosofia, mas não tem relação com os filmes (estou falando apenas comercialmente).
Infelizmente essa produção embalada pelas obras sobre o espiritismo é um dos piores filmes brasileiros da atualidade (vejam que estou analisando o filme e não a doutrina ou a mensagem). O roteiro completamente pirado mostra a vida de três mulheres que tiveram uma perda na família: duas perderam seus respectivos filhos e uma não sabe se faz um aborto. É feito um jogo de cena pra fazer certo suspense do óbvio, o que torna a experiência de assistir quase que insuportável. Em particular a cena em câmera super lenta do hospital dura quase uma eternidade.
A incompetente direção Glauber Filho e Halder Gomes sequer consegue fazer seqüências impactantes como a do acidente de ônibus ou a queda da bicicleta, as quais mais parecem uma colcha de retalhos, como, diga-se de passagem, todo o roteiro. O nome de Halder Gomes lembra outra tragédia cometida por esse indivíduo chamada “Cadáveres 2“. Provavelmente ele, junto com a diretora de fotografia Carina Sanginitto, parente de Gerson Sanginitto, outro diretor de “Cadáveres 2” conseguiram mais uma vez enganar patrocinadores que bancaram essa bomba.
Pra completar, ainda há a trilha sonora mais obsessiva compulsiva do planeta por Flávio Venturini que hora não sai do “irerê, irará”, hora coloca um som altíssimo sem motivo aparente. E tudo sem qualquer marcação. Com um elenco inexpressivo que parece estar lá a contragosto e, em muitos momentos, aparentam apenas declamar o que está escrito no script, salva-se o formidável Nelson Xavier que mais uma vez encarna com maestria sua persona do médium mais famoso do Brasil. É uma pena, portanto, que ele apareça tão pouco em cena. Pelo menos perto de seu final na singela parte em que ele lê suas cartas para as mães protagonistas, há um vislumbre do que a produção poderia ter sido.
“As Mães de Chico Xavier” é um desastre que não foi anunciado por nenhum médium, porém tão previsível que é quase um insulto à inteligência do espectador. Fazendo uma analogia ao brilhante Chico Xavier que foi um instrumento tão eficaz para as mais lindas mensagens do mundo espírita, os realizadores desse crime contra o cinema não podiam ter escolhido instrumento pior para uma mensagem que mais parece oportunismo disfarçado de esperança. Chico Xavier deve estar mesmo é se revirando no túmulo.
Ficha Técnica
Elenco:
Nelson Xavier
Caio Blat
Gustavo Falcão
Vanessa Gerbelli
Via Negromonte
Tainá Muller
Paulo Goulart Filho
Neuza Borges
Gabriel Pontes
Joelson Medeiros
Daniel Dias
Herson Capri
Direção:
Glauber Filho
Halder Gomes
Produção:
Luiz Eduardo Girão
Fotografia:
Carina Sanginitto
Trilha Sonora:
Flávio Venturini