Uma das estratégias da Disney para manter sua lucratividade é espremer ao máximo suas franquias, como na Marvel, em “Star Wars” e nos seus desenhos, sejam do estúdio ou do seu anexo mais inteligente, a Pixar. O mesmo acontece em outros universos do cinema e do streaming, vide “O Senhor dos Anéis”, “Game of Thrones” e assim vai.
Mas nem todos os estúdios têm franquias ou universos já prontos para explorar. A franquia mais rentável da Paramount no cinema, que também tem ótima qualidade é “Missão Impossível”, enquanto outras como “Transformers”, “Star Trek”, “GI Joe”, “Atividade Paranormal” ou “Indiana Jones” já dão sinais de esgotamento.
Daí surge a idéia de revirar seu catálogo e fazer uma prequel (ou pré-sequência) do clássico de Roman Polanski de 1968, “O Bebê de Rosemary”, que – quando tudo era mato – foi o primeiro filme (ou um dos) a tratar do tema “gravidez demoníaca” em filmes de terror.
“Apartamento 7A” mostra os eventos anteriores ao pesadelo de Rosemary quando a aspirante a atriz e dançarina Terry (a sempre competente Julia Garner de “A Assistente”), já desiludida com seu sonho após ter torcido gravemente o pé, recebe um convite de um casal de senhores do apartamento 7ª de um grande prédio para morar ao lado com tudo pago até que ela consiga se sustentar. Mas ela não sabe que o casal Castavet faz parte de uma seita demoníaca cujo objetivo é fazer nascer o anticristo. Adivinha quem vai engravidar?
Só que os tempos são outros e só este ano de 2024 tivemos dois filmes sobre esse subgênero do terror, “Imaculada” e “A Primeira Profecia”, este último aliás com uma história virtualmente idêntica. Sem entender essa realidade, a produção não saiu do básico, dá pouquíssimos sustos, tem pouquíssima violência e ainda tem um desfecho meio forçado e abrupto, apesar de se conectar perfeitamente com “O Bebê de Rosemary”.
Então todo o trabalho de fazer o espectador acreditar na história fica em cima da protagonista Julia Garner. E ela tem um imenso trabalho, pois o roteiro força a barra das reações de seu personagem em vários momentos, mas a atriz não cede à manipulação barata e faz o que pode para dar credibilidade ao papel. Por outro lado, o casal demoníaco é deliciosamente interpretado por Dianne Wiest de “Eu Me Importo” e Kevin McNally de “O Corvo” e são os personagens mais bem desenhados e a diferença entre eles os faz formar um belo casal (mesmo que demoníaco).
O filme funciona como uma história solo, mas é quase imperdoável que eles não aproveitaram a conexão com o Bebê de Rosemary. Ela (a Rosemary) aparece em dois momentos no filme, mas o espectador só vai saber se ler sobre em outro lugar (tipo na parte de curiosidades) ou se chutar.
Dessa forma, “Apartamento 7A” é burocrático, sem sal e seu único destaque fica sendo a protagonista. Talvez seus realizadores acharam que ainda estavam em 1968.
Curiosidades:
- O drink que a Sra. Castavet faz (vodka bluch) também aparece em “O Bebê de Rosemary”.
***SPOILER – SÓ LEIA APÓS TER ASSISTIDO AO FILME***
Rosemary é interpretada pela desconhecida Amy Leeson aparece rapidamente em dois momentos no filme:
- Na cena da lavanderia, ela é a loira alta colocando as roupas. Em “O Bebê de Rosemary” existe essa cena e inclusive há um diálogo que não teve em “Apartamento 7A”, o que foi um desperdício.
- Na cena pós créditos junto com seu marido, conversando com a polícia, que é na hora em que começa a trama de “O Bebê de Rosemary”.
Ficha Técnica:
Elenco:
Julia Garner
Dianne Wiest
Kevin McNally
Jim Sturgess
Marli Siu
Rosy McEwen
Andrew Buchan
Anton Blake Horowitz
Raphael Sowole
Tina Gray
Patrick Lyster
Direção:
Natalie Erika James
História e Roteiro:
Natalie Erika James
Christian White
Skylar James
Produção:
Michael Bay
Andrew Form
Brad Fuller
John Krasinski
Allyson Seeger
Fotografia:
Arnau Valls Colomer
Trilha Sonora:
Peter Gregson
Adam Price