Ameaça no Ar (“Flight Risk”)

Mel Gibson como ator é uma coisa e como diretor é outra. Como ator, ele – e outros como Russel Crowe – se acomodaram em filmes B, alguns bastante questionáveis, como “Até o Limite”.

Como diretor, tem um prestígio totalmente diferente, fazendo sempre grandes e premiadas produções, como “Até o Último Homem”.

Por isso é uma surpresa ver que dos poucos e grandiosos filmes que dirigiu, sua próxima escolha de condução foi um thriller até que bacaninha e modesto que tem suas qualidades e peca sempre nos lugares comuns.

Michelle Dockery de “Aqui” é a Agente Madolyn que vai conduzir o prisioneiro Winston (Topher Grace de “Delírios do Passado”) num aviãozinho bimotor para testemunhar contra um figurão. O problema é que o piloto (Mark Wahlberg de “De Férias da Família”) não é quem diz ser, e os três vão ter que lutar entre si para sobreviver.

Mark Wahlberg faz seu segundo papel de vilão em toda a sua carreira (seu primeiro foi em “Medo” em 1996) e ele está pegando fogo. Aliás, de certa forma, o elenco está todo correto, com Michelle Dockery bem equilibrada e até mesmo Topher Grace que costuma trazer seus maneirismos cômicos e às vezes chatos, consegue se controlar mais a partir do segundo ato.

Gibson faz a proesa de conseguir uma ótima dinâmica entre os personagens num lugar fechado (sempre um desafio nesse tipo de filme), equilibrando ação e tensão, com algumas boas, pequenas, mas relevantes reviravoltas que, espalhadas ao longo da segunda metade do filme, nunca deixam o ritmo cair, mas que algumas tenham sido bastante previsíveis.

Infelizmente ele caiu em determinadas armadilhas de compor algumas cenas absurdas que prejudicam o filme, como o baque que o avião dá num banco de neve e continua voando ou a cena do pouso que não só foi às raias do exagero como tecnicamente imprecisa (veja nos comentários).

Assim, o impacto positivo é amortecido e até mesmo diluído em momentos sem sentido para uma construção que não precisava de tanto.

Ameaça no Ar” entrega o que promete, é despretensioso, tem ação na medida, mas quis enfeitar demais dando vários tiros no pé.

Curiosidades:

  • Mark Wahlberg realmente raspou sua cabeça para o personagem. Inclusive a idéia do personagem ser calvo foi dele.
  • Mark Wahlberg improvisou bastante suas falas e Mel Gibson cortou muitas delas por serem sinistras demais.
  • Foi filmado em apenas 22 dias.
  • O ator que faz o personagem Hassan é um e o ator que faz a voz dele no rádio é outro.

***SPOILERS – SÓ LEIA APÓS ASSISTIR AO FILME***

  • O pouso foi tecnicamente impreciso, pois há uma série de procedimento pós pouso que o piloto precisa fazer e Hassan (o cara da torre de comando) simplesmente se despede de Madolyn pouco antes da aterrissagem sem dar nenhuma outra instrução, quase como se fosse um momento cômico.

Ficha Técnica:

Elenco:
Michelle Dockery
Mark Wahlberg
Topher Grace
Leah Remini
Monib Abhat
Paul Ben-Victor
Maaz Ali

Direção:
Mel Gibson

História e Roteiro:
Jared Rosenberg

Produção:
Bruce Davey
John Davis
John Fox
Mel Gibson

Fotografia:
Johnny Derango

Trilha Sonora:
Antonio Pinto

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