A Visita (“The Visit”)

Triste ver a decadência de M. Night Shyamalan que começou sua carreira há pouco mais de quinze anos com o genial “Sexto Sentido”. Nesta sua mais recente empreitada, com pouco dinheiro, ele tenta fazer um meio terror, meio comédia ao estilo found footage (câmera na mão, como um documentário). Isso se ele soubesse como se faz: para tentar dar ao espectador uma visão mais confortável dos eventos, fica claro que na maioria das vezes os personagens não estão segurando a câmera de verdade ou a câmera é bem mais avançada do que as mostradas, tendo um controle de equilíbrio. Além disso, o filme tem edições apuradas e ângulos que dificilmente estariam ali, caso o estilo fosse empregado corretamente.

E nem chegamos ainda na história: as crianças Becca e Tyler vão visitar os avós que nunca viram numa longínqua fazenda, fazendo uma espécie de documentário dessa visita. Quando seus avós começam a ter comportamentos estranhos, nossos mini-heróis passam a desconfiar de que alguma coisa está errada.

Esse é um dos poucos filmes em que a reviravolta final (famosa do diretor desde “Sexto Sentido”) tem o efeito inverso: ao invés de potencializar a tensão, ela a ameniza, diluindo o já pouco terror com sustos até que previsíveis. Tanto que o segundo ato é o menos ruim, quando ainda não sabemos o que está acontecendo.

Pra piorar, os diálogos são expositivos demais: quando rola uma cena de longos minutos onde Becca diz que não se olha no espelho, já sabemos que haverá uma cena onde ela se confronta com um, o que até forma uma rima narrativa interessante, não fosse a cena em si; Quando Tyler reclama de seu TOC por limpeza, já sabemos que isso será posto a prova em algum momento; Quando aguentamos uma história onde ele diz que congelou, também sabemos que isso vai acontecer mais tarde. O desagradável é que o roteiro perde muito tempo justificando o que depois serão comportamentos que não fariam sentido de outra forma, quase insultando a inteligência do espectador.

Pendendo entre o terror e o humor, a narrativa não se acha. Mas no âmbito da comédia, o destaque vai para o guri Ed Oxenbould de “Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso”. O moleque é impagável e rouba todas as cenas. Suas composições em rap são de matar de rir, principalmente a última que, ao mesmo tempo que desconstrói o filme (tendo o efeito inverso ao pretendido pelo diretor), mas faz uma performance ímpar, cujos minutos mereciam ser vistos só para efeito cômico. Até ofusca a atriz mirim Olivia DeJonge que faz o papel da irmã.

A Visita” é mais uma tentativa frustrada de Shyamalan de inovar e erra no estilo e na narrativa e passa longe da originalidade. A única atração é o hilário Ed Oxenbould. Deveriam fazer um curta metragem só com as suas falas.

Ficha Técnica

Elenco:
Olivia DeJonge
Ed Oxenbould
Deanna Dunagan
Peter McRobbie
Kathryn Hahn

Direção:
M. Night Shyamalan

Produção:
Marc Bienstock
Jason Blum
M. Night Shyamalan

Fotografia:
Maryse Alberti

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