Deve ser o primeiro filme feito em câmera lenta. Explico: para encher os bolsos de grana, como num caça-níqueis, os produtores decidiram dividir o derradeiro livro da Saga Crepúsculo em duas partes. O problema é que o conteúdo não cabe ser dividido dessa forma, portanto o filme passa praticamente se arrastando o tempo inteiro. Seus realizadores acharam que a simples presença do trio de atores Kristen Stewart, Robert Pattinson e Taylor Lautner como Bella, Edward e Jacob seria suficiente para aturar os 117 minutos mais lentos da face da terra. E para alguns fãs radicais, talvez seja.
Primeiros 30 minutos: os preparativos mais demorados de um casamento. Edward e Bella com DR’s (discussão sobre relacionamento) que vão do nada a lugar nenhum. Edward conta uma história que em nada acrescenta na trama, a não ser colocar mais cinco minutos no tempo de projeção. Bella tem um sonho que acrescenta menos ainda, porém são mais cinco minutos de enrolação.
De 30 a 60 minutos: Lua de mel. E toma mais DR. Só nesse capítulo da saga já teria DR suficiente para destruir um relacionamento. Imagine pensar o que vai acontecer pelo resto da eternidade. Pelo menos mais dez minutos de preparação para a grande noite, onde o diretor transformou a narrativa num imenso clipe da MTV, seguido de cenas tolas onde parece que ao invés de transar com Bella, Edward transa com a cama. E depois adivinhem: mais DR.
Dos 60 aos 90 minutos: a gravidez. A produção começaria a ficar interessante a partir de então, mas acaba descambando para diálogos superficiais onde pouco se faz. Destaque para os ótimos efeitos especiais que evidenciam a magreza de Bella, feitos com a mesma tecnologia usada em “O Curioso Caso de Benjamin Button”.
Dos 90 aos 117 minutos: epílogo. Não dá pra dizer o que acontece, mas como a obra de Stephenie Meyer nunca foi marcada pela imprevisibilidade ou por grandes reviravoltas, não será difícil para o espectador acertar as pequenas surpresas com minutos de antecedência. Mesmo assim, pelo menos esse desfecho, ainda que em passos de cágado, deve agradar os pré e pós adolescentes que acompanham a saga.
A primeira parte de “Amanhecer”, dirigido por Bill Condon, cujo último filme pro cinema foi há cinco anos com “Dreamgirls – Em Busca de um Sonho”, é aquele típico enlatado cinematográfico que prova a importância do puro marketing em detrimento de aspectos narrativos e técnicos que podiam fazer a diferença, mas acabam descendo a ladeira.
Ficha Técnica
Elenco:
Kristen Stewart
Robert Pattinson
Taylor Lautner
Dakota Fanning
Michael Sheen
Ashley Greene
Kellan Lutz
Nikki Reed
Anna Kendrick
Maggie Grace
Billy Burke
Jackson Rathbone
Peter Facinelli
Noel Fisher
Lee Pace
Direção:
Bill Condon
Produção:
Stephenie Meyer
Karen Rosenfelt
Wyck Godfrey
Fotografia:
Guillermo Navarro
Trilha Sonora:
Carter Burwell
Respostas de 5
Como assim nao da pra saber oq acontece?
117 min. de vampiros e lobos falantes e as vezes sem camisa, nada mal para as meninas, mas uma tremenda falta de respeito com os fãs que esperavam mais que isso, erro por dividir em 2 partes tudo bem afinal, cifras são importantes. Não tinha como esperar ação, perseguição, lutas incríveis de uma história melosa com 3 protagonistas nada preparados (desde o 1º filme), ao menos os detalhes são bem próximos ao que Stephenie Meyer escreveu, é bom ver o que imaginamos quando lemos o livro.
ah sim! pensei que vc tinha dito que não da pra saber o que acontece no proximo filme…
A parte boa do livro é depois que ela vira vampira mesmo… esse filme ai foi só enrolação!
Coerência é tudo. Sempre disse que o grande mérito da Saga Crepúsculo eram as lutas… Imaginem então minha frustração em “Amanhecer” ao vê-las colocadas em segundo plano. Mas, enfim, a intenção era manter a pontuação alta com a patroa, então tive que me distrair com outros aspectos do filme. Robert Pattinson está com uma preguiça de atuar, sobrou tudo para Kristen Stewart, que se não é digna do Oscar pelo menos é constante. Taylor Lautner mais “camisado” que de costume tropeça, mas ainda pareça ser o jovem certo para demonstrar constantemente ira, característica fundamental de seu personagem. Dois destaques no filmes, os efeitos especiais de emagrecimento e volta a forma da personagem Bella e a expressividade de seu filho, o cruzar de olhos do bebê com Jacob que levou bem a cena, tornou menos ridícula a idéia de imprinting mal explicada e inserida no filme. Enfim, a saga deu um tropeço com “Amanhecer”, mas seguindo a linha do livro “o bom” (sic) vem agora, com a poderosíssima vampira Bella e sua filha. Diretores e roteiristas de respeito, favor enviar currículo, precisa-se com urgência.