Nem todo mundo é um Steven Spielberg. Em 1993 ele revolucionou o cinema mais uma vez com “Parque dos Dinossauros”, seja na ação ou nos efeitos especiais, mas conservou algo na história que poucos conseguem: ter um arco dramático humano – geralmente em família – em meio a tensão, suspense e praticamente horror de um ataque de dinossauros.
“A Morte de um Unicórnio”, dirigido pelo estreante Alex Scharfman, tenta exatamente fazer isso e na mesma temática, mas passa do ponto e dilui a ação. O tema do capitalismo versus o reino animal (mesmo que fictício) já foi explorado de forma melhor em filmes como o clássico “Tubarão” também de Spielberg, “Alien, o Oitavo Passageiro”, entre outros.
Paul Rudd da nova franquia “Caça-Fantasmas” e Jenna Ortega de “Além dos Holofotes” são Elliot e Ridley, pai e filha que tentam se conectar numa viagem para passar uns dias na mansão isolada do chefe de Elliot que está em estado terminal de câncer e sua esquisita família. No meio do caminho atropelam um unicórnio (sim, isso mesmo) e, sem acreditar, o levam no porta-mala escondido.
Quando a família descobre o unicórnio e os poderes que eles tem, querem estuda-lo, mas mal sabem que os pais desse animal não estão de brincadeira e vão chegar sedentos de sangue.
A relação humana, que foi vantagem em “Parque dos Dinossauros”, aqui é onde o roteiro derrapa: há uma constante tentativa de fazer com que o arco da relação pai e filha da dupla de protagonistas passe por cima – ou pelo lado – da história principal que é a do unicórnio e seus pais que chegam matando geral.
A primeira metade do filme chega quase no insosso com as constantes entradas de Ridley para dizer o quanto estudar o unicórnio é errado ou nas suas pesquisas (em um tapete) que pouco dizem, além da chata previsível dinâmica que ela e Elliot tem durante os dois primeiros atos que só vai mudar obviamente no final.
A ótima violência explícita da matança, os engraçados coadjuvantes (Will Poulter de “Tempo de Guerra” está ótimo) e alguns outros elementos da narrativa sempre são sabotados pelo arco paternal.
Curiosamente, os efeitos especiais são apenas regulares, pois enquanto algumas cenas – principalmente as de violência – são muito bem feitas, há outras quando os unicórnios estão correndo ou caminhando sozinhos, que claramente parecem CGI, ou quando Ridley está tendo uma visão logo no primeiro ato.
“A Morte de um Unicórnio” é instável onde algumas partes engrenam e outras não, Jenna Ortega segue chatinha, mas no geral a segunda metade compensa.
Curiosidades:
- A cena em que o unicórnio rosna perto de Ridley é uma homenagem à cena análoga em “Alien 3”. Aliás Ridley é o mesmo nome do criador da franquia “Aliens”, Ridley Scott e, coincidentemente, só muda uma letra da protagonista da franquia, a Tenente Ripley (Sigourney Weaver).
- O barulho dos sensores que detectam presença das criaturas é o mesmo dos dispositivos de “Aliens – O Resgate”.
- Há vários easter eggs sobre a mitologia dos unicórnios no filme, mas ninguém notou.
- O barulho que os unicórnios fazem são os mesmos dos velociraptors em “Parque dos Dinossauros”.
Técnica:
Elenco:
Jenna Ortega
Paul Rudd
Will Pouter
Anthony Carrigan
Richard E. Grant
Jessica Hynes
Kathryn Erbe
Steve Park
Direção:
Alex Scharfman
História e Roteiro:
Alex Scharfman
Produção:
Tyler Campellone
Tim Headington
Drew Houpt
Lars Knudsen
Alex Scharfman
Fotografia:
Larry Fong
Trilha Sonora:
Giosuè Greco
Dan Romer