Para quem já viu o filme americano “Correndo Contra o Tempo” de 2019, a premissa do coreano “A Ligação” é exatamente a mesma: duas pessoas separadas no tempo que se falam por telefone – também sem nenhuma explicação dada pelo roteiro – e assim podem alterar o destino uma da outra. Só que aqui a trama é mais complexa, o clima é mais soturno e com algumas boas reviravoltas.
Park Shin-Hye de “#Alive” é a jovem Seo-yeon que voltou a morar sozinha na casa que antigamente era de seus pais antes da mãe ficar doente e seu pai morrer num incêndio. É quando começa a receber ligações de alguém pedindo socorro e, um pouquinho mais para frente, descobre que é de uma jovem que morou naquela casa há 20 anos e está correndo risco de vida naquela época. Quando Seo tenta ajudar do futuro a jovem em perigo, desencadeia uma série de eventos que vai mudar a vida de ambas para sempre.
Quem lembrou dos excelentes “Efeito Borboleta” ou “Durante a Tormenta” não está muito longe, com ressalvas. O diretor não perde tempo (deveria?) com maiores esclarecimentos sobre a tal magia que permite que as duas personagens se falem em tempos diferentes, muito menos dá tanta importância a como os desvios que passam a acontecer no passado mudam o futuro. Se bem que a maneira que ele mostra é inovadora e eficiente, mesmo tendo alguns furos de história lá e cá.
Um dos pontos altos é a complexidade da personagem do passado vivida pela desconhecida (para nós) atriz Jeon Jong-seo e de como seu arco de história vai evoluindo criando uma tensão forte da produção. Outro ponto bem explorado é que quem está no passado consegue mudar o futuro, mas como alguém do futuro poderia mudar o passado? O roteiro traz algumas respostas elegantes, mesmo que em alguns pontos tenha falhas sensíveis e desnecessárias para o continuum do tempo (como dizia Doc Brown em “De Volta Para o Futuro”).
Com bons efeitos especiais e boas doses de sangue, a trama se desenvolve bem até o final. Só que nos créditos finais, há uma espécie de final alternativo, como uma tentativa, como nos filmes americanos, de dar aquele sustinho no final. O fato desse final alternativo ser impraticável segundo o próprio roteiro o deixa mais como um enfeite dispensável.
“A Ligação” começa logo na terceira marcha e tem mais acertos que erros, numa trama que acerta na profundidade e conexão com os personagens, bem como na ótima tensão envolvida.
Ficha Técnica
Elenco:
Park Shin-Hye
Jeon Jong-seo
Sung-ryung Kim
Lee El
Park Ho-San
Direção:
Chung-Hyun Lee
Produção:
Hul-sun Jeong
Trilha Sonora:
Dalpalan