A Criada (“Ah-ga-ssi”)

O cineasta coreano Chan-wook Park é mesmo um cara muito louco. Quando a gente pensa que já viu tudo depois da sua cultuada Trilogia da Vingança encabeçada pelo “Oldboy” original, ele vem com a adaptação de um livro britânico transformado num bizarro suspense erótico bem-humorado, mas politicamente incorreto até a alma e cheio de reviravoltas.

Uma dupla de gatunos quer toda a fortuna da herança de uma jovem perturbada, Lady Hideko. O plano é o seguinte: a jovem delicinha Sook-Hee se faz passar por uma das criadas da Lady e ela começa a propor que a rica jovem se case com seu professor de pintura, o Conde (fajuto) Fujiwara, mesmo contra a vontade do excêntrico tio Koukuzi. A idéia é eles fugirem com Hideko, o Conde casar com ela, pegar a fortuna e depois interna-la num manicômio. Só que nada nem ninguém é realmente o que parece ser.

Usando uma estrutura narrativa genial, Park divide as quase duas horas e meia em três atos: o primeiro é o que ele nos faz acreditar que acontece na visão da criada. O segundo desconstrói todo o primeiro ato – e onde as reviravoltas ficam eletrizantes – reconstruindo muitas vezes as mesmas cenas, mas num enfoque que seu significado seja diametralmente oposto ao que o espectador era levado a crer, e tudo isso já na visão de Lady Hideko. E o terceiro ato são as consequências, ainda com algumas boas surpresas, de todos os acontecimentos juntos.

O diretor também preza por uma fotografia belíssima (já lugar comum nos bons filmes orientais), além de uma cenografia deslumbrante e se utiliza de interessantes travellings de câmera para tornar a narrativa mais dinâmica. Desde já nos mostra algumas cenas antológicas como as belíssimas sequências de sexo que são eróticas e mostram tudo na medida certa; ou aquela da tentativa de suicídio de um personagem e até mesmo próximo ao final uma sequência que é pautada pela forte respiração de outro personagem. E são várias dessas composições cuja linguagem em imagens conseguem ter um forte significado, além que os diálogos também são inteligentes, destacando-se a narração em off das personagens quando estas exprimem as suas visões e pensamentos daquilo que está acontecendo no momento.

A Criada” pega um roteiro inteligente e, nas mãos de Park, transforma a trama numa fábula que vai do bizarro ao bem-humorado sem nunca perder a essência e sempre com uma surpresa logo ali. Recomendadíssimo.

Curiosidades:

– O título original coreano significa “A Lady”, enquanto que todas as traduções, foram dadas o nome de “A Criada”.
– O elenco coreano teve que aprender a falar japonês para o filme.
– A atriz preferida de Tae-ri Kim (a criada) é Min-hee Kim (a Lady Hideko).
– O final do filme é totalmente diferente do final do livro em que ele se baseia.

Ficha Técnica

Elenco:
Min-hee Kim
Tae-ri Kim
Jung-woo Ha
Jin-woong Jo
Hae-suk Kim
So-ri Moon

Direção:
Chan-wook Park

Produção:
Syd Lim
Chan-wook Park

Fotografia:
Chung-hoon Chung

Trilha Sonora:
Yeong-wook Jo

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