22 de Julho (“22 July”)

O massacre ocorrido na Noruega onde um extremista matou 77 jovens num campus escolar em 2011 é retratado por ninguém menos que Paul Greengrass, responsável por sucessos de público e crítica como a saga de “Jason Bourne” e “Capitão Phillips”.

Ele utilizou um elenco desconhecido todo norueguês, porém falando inglês para se tornar mais global e, apesar de determinadas serem fruto de conclusões mais que fatos, o diretor é detalhista, não só no fatídico evento – que toma conta do primeiro terço da narrativa – como também das consequências para os envolvidos e finalmente do julgamento assassino Anders Breivik, o que divide a produção em três atos distintos, mas fluidos entre si.

Se a história já não chocasse o suficiente, a direção fez questão de ser explícita na violência do primeiro ato. Entretanto, o que mais chama atenção é a maneira como o país lidou com a situação, muito diferente do que se faria em países como Brasil ou EUA, garantindo direitos ao réu, mesmo com imensa pressão da população, inclusive dando uma passada geral por todo o processo de segurança nacional que culminou no desastre.

O elenco, apesar de desconhecido faz um belíssimo trabalho, principalmente Anders Danielsen Lie de “A Caminho do Desconhecido” que faz o papel do extremista (coincidentemente ator e personagem dividem o mesmo primeiro nome), e Jonas Strand Gravli como o jovem a quem a narrativa foca para expressar a dor de quem sobreviveu. Ele, aliás, faz um belo monólogo já rumo ao desfecho, o qual tem uma pitada de redenção e de recomeço sem ser piegas e mais se atém aos fatos.

“22 de Julho” é um daqueles filmaços escondidos no portfólio da Netflix que definitivamente merece mais que apenas uma passada de olho.

Curiosidade: