007 Contra Spectre (“Spectre”)

Desde o ator Daniel Craig entrou na pele do agente 007, a idéia dos roteiristas foi fazer um reboot tal qual J.J. Abrams fez com “Star Trek”, contando sua origem e recolocando icônicos vilões com novas histórias e contextos.

007 Contra Spectre” cumpre esse objetivo e excede a expectativa, pelo menos nisso: nos filmes anteriores com Craig, mais de uma vez é citada uma organização do qual a maioria dos grandes vilões faziam parte, mas nunca citaram o nome (isso se deveu a questões judiciais, mas foi resolvido antes da produção deste filme). E então finalmente essa organização chamada SPECTRE se descortina como sendo o centro que era ligado de alguma forma a todos os vilões da franquia desde “Cassino Royale”. Cabe então a James Bond encontrar o mentor da organização para destruí-la. E nesse ponto, o trabalho de vínculo entre os episódios passados e este é feito explicitamente, mesmo com alguns furos na narrativa e forçadas de barra.

Infelizmente o diretor Sam Mendes parece ter esquecido seu belíssimo trabalho em “007 – Operação Skyfall” e pegou todos os vícios ruins que a franquia teve ao longo de décadas. O próprio protagonista já aparece com uma personalidade diferente e ao longo da projeção, parece mudar constantemente de idéia sobre o que quer e sobre seus objetivos, o que culmina num desfecho que até lembra o bem mais ou menos “Busca Implacável 3”, o que, partindo de um James Bond, não faz o menor sentido.

Até aqueles tiques nervosos das produções pasteurizadas de ação Hollywoodiana dão as caras aqui: fazer um dos antagonistas, prestes a morrer de forma drástica soltar um “Merda” como um toque humorístico é tão ridículo quanto datado; Da mesma forma quando uma das Bond Girls diz que jamais vai se deitar na cama com Bond para em menos de meia hora cair de amores em uma edição que mais uma vez tentou ser cômica, mas que passa uma incômoda falta de verossimilhança até então preservada dentro do contexto absurdo de suas tramas passadas; E até alguns exageros desnecessários nas cenas de ação, como a do avião, bem difícil de engolir, poderiam ser dispensadas.

Por outro lado é muito interessante o fato do elenco todo ter uma maior participação, principalmente Q (Ben Whishaw de “A Viagem”) e M (Ralph Fiennes de “Grandes Esperanças”). Nem é preciso dizer que as Bond Girls estão muito bem representadas pela femme fattale que povoa os sonhos masculinos, a francesinha delícia Léa Seydoux (“A Bela e a Fera”), enquanto o principal vilão, vivido por Christoph Waltz (“O Teorema Zero”) faz o que pode com um papel que, apesar do esforço de recoloca-lo dentro de um novo contexto, ainda assim foi feito de maneira frágil, deixando sua atuação vulnerável a maneirismos rasos e previsíveis.

Se a fotografia de Hoyte Van Hoytema (“Interestelar”) se limita a repetir cenários já batidos nos filmes do espião dos últimos anos, a trilha de Thomas Newman (“Ponte dos Espiões”) evoca com eficácia os acordes originais sem nunca cair na mesmice, dando sempre um passo a mais na evolução musical da saga.

Definitivamente “007 Contra Spectre” é o elo mais fraco da nova safra de produções do agente 007, o que é uma pena, pois tinha em sua premissa a faca e o queijo na mão para definir o universo de Bond, mas preferiu apostar nos lugares comuns.

Ficha Técnica

Elenco:
Daniel Craig
Christoph Waltz
Léa Seydoux
Ralph Fiennes
Monica Bellucci
Ben Whishaw
Naomie Harris
Dave Bautista
Andrew Scott
Rory Kinnear
Jesper Christensen
Alessandro Cremona
Stephanie Sigman

Direção:
Sam Mendes

Produção:
Barbara Broccoli
Michael G. Wilson

Fotografia:
Hoyte Van Hoytema

Trilha Sonora:
Thomas Newman

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