Entrevista com Dan Stulbach de Tempos de Paz!!!

Pra finalizar a trinca, olha a extrevista exclusiva do Cinecríticas com Dan Stulbach, protagonista ao lado de Tony Ramos por Tempos e Paz e imortalizado como o Tom Hanks brasileiro. risos…

Pra quem perdeu o trailer, olha só!

http://youtube.com/temposdepaz

No link tem até promoções pra galera!

Vamos a entrevista!

Família
A presença da minha mãe no filme (ela faz uma imigrante polonesa) foi muito emocionante para a gente. Fiquei feliz por vê-la feliz. A imigração é um ponto central na história e na vida dela. Ela veio para o Brasil com 19 anos. Foi bom vê-la trabalhando com o texto e ela disse: ‘veja só, se tivesse que fazer um personagem na vida, seria esse’. Fez bem para ela revisitar isso. E fez bem para o filme ter alguém que viveu isso de verdade, deu um sentido maior e uma relação de veracidade. Para mim teve um sentido familiar porque era a minha história. Meus pais queriam que eu tivesse seguido outra profissão. Eu lutei para ser o que sou e de repente eles estavam lá, participando de tudo. Poder recebê-los nessa história foi muito bacana.

Personagem
Clausewitz é um ator sensível, distante, ético, delicado, covarde, medroso também. O princípio do personagem é que sempre fui um cara estrangeiro no meu mundo, como todo artista é um pouco. Se você está encaixando bem no seu mundo, você não precisa da arte. Você precisa da arte para fazer essa ponte. Sempre me senti estrangeiro, pelo sobrenome, pela língua que falávamos em casa, pela minha família ser estrangeira, por ser meio tímido. Quando comecei a ser ator, eu tinha uma frase que era: ‘burguês demais para os atores, ator demais para os burgueses’. Essa sensação de estrangeirismo, eu observo além das pessoas, isso é o Clausewitz. O teatro é isso para mim: ver as pessoas e representar aquela situação para estabelecer uma relação entre a gente. Para lembrar o que eu poderia ser. Esse foi o princípio da nossa comunicação, do nosso entendimento.

Origem do Texto
Não é tão objetivo quanto o Clausewitz diz: ‘não sei segurar um rifle ou curar uma ferida, portanto não sou útil’. Falar sobre a questão de ser ator me agoniava. Um dia, encontrei o Bosco (Brasil) numa praça em São Paulo e conversamos muito sobre isso. Dias depois ele me ligou dizendo que queria escrever sobre o tema e se eu topava fazer a peça. Eu era um garoto confuso, idealista, na época as coisas eram muito intensas. Aí começamos a fazer. Uma semana, duas, depois dois meses e nesse tempo às vezes só tinha na plateia três pessoas. E voltava àquela discussão sobre o teatro. Mas eu entendia que tudo bem porque eu estava dizendo alguma coisa, não importava se para três, cinco ou um teatro lotado. Estava tudo bem. E a felicidade que eu tenho de estar dizendo o que a peça dizia, falar da função do teatro, da arte, me fazia ver que realmente estava tudo certo. Comecei a fazer o personagem com sotaque. Sempre imitei as pessoas. O sotaque me ajuda muito porque dá a sensação do personagem e a dificuldade em falar. E a dificuldade vem da vontade de querer falar aquela língua, vontade de fazer parte e isso é importante para mim e para a sensação que eu tenho em cena.

A relação com Tony
Bosco mandou meio na loucura o texto para o Tony e um dia para nossa surpresa ele apareceu lá. Foi a primeira vez que o vi de camisa jeans. Aí pensei que, ainda por cima, tinha que emocionar o Tony. Ele era absolutamente gentil. Naquele momento, o que importava era que aquele ator que eu admirava tanto se emocionasse. Era uma honra estar com ele ali. Quando terminou a leitura, ele estava chorando. Estreamos em Belém do Pará, em 2002. Em Belém eu olhava para ele e a mão dele tremia. Tony fez então uma coisa que repetiu a partir de então: apresentou-me ao público (eu era desconhecido, não fazia TV ainda) dizendo da felicidade de estar ali comigo e me apresentando. Neste domingo acabei, agradeci e cheguei à frente de todo mundo sem saber o que eu ia falar. Abri o paletó e, com camisa do Brasil por baixo, cantei: ‘dá-lhe, sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor…’ O teatro veio abaixo e cantou junto. Primeira vez eu falei com o público. Pentacampeão!

Daniel
Quanto às marcações de Daniel, ele aumentou nossas marcas e falei: esse cara ‘marca’ bem. Para mim, ver um homem como o Daniel, com a gana e a força dele, aos 72 anos, depois de já ter feito tudo o que fez, é incrível. A recepção, o calor, o bate papo. Saber lidar com o tempo. Saber lidar com esse aparente vazio que inicia toda nova obra… Na filmagem, ele sabia o que queria e só gosta de fazer o primeiro take. E eu na minha agonia pensei, será? Uma vez achei que havia me emocionado além do necessário e pedi para fazer outra vez. Tive que explicar. É incrível a energia que esse cara tem, a vitalidade, a vontade de fazer coisas, de dizer. Todas as minhas angústias viraram uma babaquice perto do Daniel Filho. Vê-lo com a garra que tem, com a gana de fazer coisas, mudou minha forma de encarar minhas dúvidas. Foi impressionante a generosidade com que me recebeu, me ouviu, me abraçou, a mim e à minha família. Me senti recebido.

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