Alguns presentes são mesmo de pai para filho. E só o filho do fantástico ator Daniel Day-Lewis (“Trama Fantasma”), para fazê-lo sair da aposentadoria e voltar a atuar já que estréia na cadeira de diretor. O pai fez bonito, mas o filho nem tanto.
Ele é Ray, um senhor recluso numa cabana isolada, que recebe a visita de Jem (Sean Bean de “Cavaleiros do Zodíaco”) que pretende acertar as contas de um misterioso passado.
80% do tempo de projeção são os dois numa conversa em ritmo de passos de cágado, onde o diretor Ronan se esmera em criar uma atmosfera visual belíssima, mas sem ser real na dinâmica do diálogo, apelando para artifícios difíceis de engolir para o espectador que pode até se encantar com a atuação de Lewis – e que é fantástica – mas que funciona apenas como um espetáculo mais do que à parte, destacado e desconexo do filme em que seu personagem pretendia fazer parte.
O trabalho de fotografia de Ben Fordesman (“O Amor Sangra”) é soberbo em transformar trivialidades em verdadeiros momentos épicos como a dança dos amigos dentro de uma cabana, além da edição que é inteligente, apesar de um pouco repetitiva.
Mas tudo isso não consegue esconder a falta de conteúdo ou a vagareza para se chegar onde o conteúdo está, mesmo com a ótima introdução contando a breve história da divisão violenta entre Irlanda do Norte e a do Sul. O pior é quando chegamos no clímax, não parece que ele faz jus à todo transtorno vivido pelo protagonista.
Alguns podem argumentar que só a pessoa sabe o que sofreu, mas enfim… “Anêmona” é Daniel Day-Lewis dando um show, a bela fotografia, mas só. Um “só” de mais de 2 horas. E só para fãs mesmo.
Ficha Técnica:
Elenco:
Daniel Day-Lewis
Sean Bean
Samantha Morton
Samuel Bottomley
JP Conway
Adam Fogerty
Mark Holgate
Direção:
Ronan Day-Lewis
História e Roteiro:
Daniel Day-Lewis
Ronan Day-Lewis
Produção:
Dede Gardner
Jeremy Kleiner
Fotografia:
Ben Fordesman
Trilha Sonora:
Bobby Krlic





