“Wicked” foi sem sombra de dúvida um dos melhores filmes de 2024 e, para um musical, que é geralmente um gênero meio que marginalizado no mainstream, é muita coisa.
Sua conclusão nessa parte 2 é ótima e digna, mas inferior em tudo: em história, em emoção, em música e até mesmo em direção.
Nela vemos Glinda (Ariana Grande) já consolidada como a Bruxa Boa, mais como um instrumento de propaganda do Mágico de Oz (Jeff Goldblum) e Madame Morrible (Michelle Yeoh), enquanto Elphaba (Cynthia Erivo) já é tida como A Bruxa Má do Oeste, inimiga número 1 de Oz, e quer desmascarar a fraude que é o Mágico de uma vez por todas.
O trunfo do primeiro foi a construção emocional de cada uma das protagonistas, Elphaba que sempre foi excluída por sua aparência e com pais adotivos, e Glinda (antes Galinda) que sempre teve tudo. A linda jornada da amizade entre as duas se estabiliza nesse segundo (nada de mal aí) com alguns picos mais tocantes.
O trunfo da parte 2 era para ser como a narrativa do clássico “O Mágico de Oz” se encaixaria na história de Wicked. A notícia boa é que o roteiro arranjou uma maneira belíssima de fazer esse encaixe.
A notícia ruim é que o diretor tomou uma decisão que prejudicou muito essa materialização. A partir da metade do filme – que é a parte em que entraria Wendy, o Leão, o Homem de Lata e o Espantalho – tudo é feito a toque de caixa, tudo muito rápido, muito picotado, ficando inclusive difícil para o espectador acompanhar.
Grande parte dessa decisão envolve não mostrar nada que tenha feito parte do original “O Mágico de Oz” de 1939, então obviamente a maioria dos acontecimentos relevantes agora são simplesmente citados ou inferidos, o que é pior. Estranhamente nem mesmo a face de Wendy é mostrada.
Musicalmente o filme é apenas uma fração do antecessor, como se toda – ou a maioria da – criatividade tivesse ficado no primeiro. Se naquele o musical e a história andavam lado a lado, neste quase não se percebe que é um musical.
Se no primeiro Cynthia Erivo estava apaixonante, neste Ariana Grande brilha mais revelando um timing cômico irresistível e mantendo uma essência de sororidade de seu personagem com a de Elphaba.
Apesar dessa resenha parecer negativa, “Wicked Parte 2” vale muito a pena, mas como vi no título da resenha da querida Isabela Boscov: A pedra no sapato de “Wicked Parte 2” é “Wicked Parte 1”, pois subiu muito a barra da qualidade. E mais: definitivamente dava para ser uma trilogia com um desenvolvimento muito melhor.
Ficha Técnica:
Elenco:
Cynthia Erivo
Ariana Grande
Jeff Goldblum
Michelle Yeoh
Jonathan Bailey
Ethan Slater
Marissa Bode
Colman Domingo
Bowen Yang
Bronwyn James
Aaron Teoh Guan Ti
Keala Settle
Sharon D. Clarke
Direção:
Jon M. Chu
História e Roteiro:
Winnie Holzman
Dana Fox
Produção:
Marc Platt
Stephen Schwartz
David Stone
Fotografia:
Alice Brooks
Trilha Sonora:
John Powell
Stephen Schwartz





