Às vezes filme esquecível é pior que filme ruim, pois nem a marca da raiva ele deixou. “The Old Guard” da Netflix é um daqueles filmes esquecíveis que não chega a ser ruim, mas não tem nada de bom.
A chegada de sua continuação desnecessária e indesejada inicia um problema de se ter que lembrar do primeiro: Charlize Theron é Andy, líder de uma equipe de imortais que acabara de recrutar Nile (Kiki Lane) para combater a criminalidade. Quando se depara com um poderoso inimigo, Andy é traída por seu braço direito, Booker (Matthias Schoenaerts), perde a imortalidade, mas consegue salvar o mundo.
No final, Booker é exilado e ainda tem uma cena pós créditos onde aparece a antiga parceira de Andy, Quynh (Veronica Ngo de “Resistência”) desejando vingança.
Eis que entra esse filme e sem saber o que fazer com a informação passada, o roteiro inventou que a nova vilã Discord (Uma Thurman de “Guerra com o Vovô”) foi a imortal – que ninguém sabia que existia – que achou Quynh e fez a cabeça dela contra Andy.
Começa aí o grande insulto à inteligência do espectador, tendo que engolir que Andy passou séculos a procura de Quynh no oceano e essa tal Discord a encontrou em um tapa. Também tem que aturar o plano – diz que misterioso – da vilã para acabar com Andy e seus parceiros que está atrasado pelo menos alguns séculos, mas que ela resolveu dar cabo agora.
Fato é que Andy precisar lutar contra todos as adversidades, juntar o grupo e tentar acabar com Discord e seu plano.
A bagunça está formada com uma história que parece ter sido escrita mais para brincar de fazer um filme do que para o sério intento de continuar a franquia. Ninguém se entende e elementos são introduzidos quase a esmo para explicar os absurdos narrativos que vão se amontoando sem a mínima preocupação de fazer sentido.
A parte do que foi o “exílio”, a “devolução” da imortalidade a Andy e a “redenção” de seu parceiro (tudo entre aspas sim) é de fazer rir. O próprio elenco está tão despreocupado em dar vida a história, que em muitos momentos pode-se ver risos involuntários e brincadeirinhas, como se nada daquilo fosse sério.
Não sou de contar spoilers, mas terei que dar essa notícia logo aqui, caso não tenham assistido ao filme ainda: será uma trilogia, isto é, tem mais um pela frente onde deve juntar mais entulho narrativo, mas esperamos que pelo menos tenham mais cenas de ação que valha a pena ver. Inclusive, a forma como ele se mostra como trilogia é da pior forma.
“The Old Guard 2” já deixou de ser esquecível para ser um mal desnecessário e quase um aviso para não se prolongar até o terceiro.
Curiosidades:
- As filmagens foram interrompidas devido a um incêndio nos estúdios da Cinecittá que danificou parte dos sets.
- Há uma marca de nascença importante citada no filme, mas nunca se explica o formato dela. O formato é o da Pangeia, o continente único da terra antes da sua separação a milhões de anos.
- O complexo nuclear mostrado no filme é realmente… um complexo nuclear! É o Instituto de Pesquisa de Reatores Nucleares situado na Indonésia.
Ficha Técnica:
Elenco:
Charlize Theron
KiKi Layne
Matthias Schoenaerts
Marwan Kenzari
Luca Marinelli
Chiwetel Ejiofor
Veronica Ngo
Henry Golding
Uma Thurman
Kamil Nozynski
Slavko Sobin
Direção:
Victoria Mahoney
História e Roteiro:
Greg Rucka
Sarah L. Walker
Produção:
A.J. Dix
David Ellison
Marc Evans
Dana Goldberg
Don Granger
Beth Kono
Charlize Theron
Fotografia:
Barry Ackroyd
Trilha Sonora:
Ruth Barrett
Steffen Thum