O terror da franquia “Invocação do Mal” foi se enfraquecendo ao longo das partes da narrativa principal. A razão foi uma decisão peculiar do criador James Wan: vendo o sucesso do primeiro, ele decidiu gradualmente focar na vida e no drama do casal Ed e Lorraine Warren, tentando um equilíbrio com os casos em que eles resolvem.
Se o primeiro foi puro terror, a segunda parte ainda bateu forte nessa tecla, mas a terceira já começa a se dedicar mais à dinâmica do casal e filha. Finalmente nesta nova e aparentemente última parte, metade do filme é dedicada a família Warren com a filha já crescida (a linda desconhecida Mia Tomlinson), onde o roteirista cria uma espécie de vínculo entre o passado dos Warren com o nascimento da filha e este novo caso onde um espelho guarda uma entidade demoníaca e passa a assombrar uma família.
Há uma propaganda muito enganosa, tanto no trailer quanto no início quando se fala no porque esse foi o último caso deles e como o caso destruiu uma família, já que não é bem assim, mas quem for observador provavelmente vai torcer o nariz para esse artifício meio desonesto. Até porque a produção não precisava disso, já que tem muitas qualidades e o principal problema nem é esse.
Sobre as qualidades, mesmo quem não gosta do fato do pouco foco no terror – pelo menos até o último ato – tem que admitir que o elenco que interpreta a família Warren é envolvente e carismático. Aliás, o desfecho chega a ser emocionante para quem acompanha a saga, mesmo que nada tem a ver com o terror ou com o último caso em si.
Os sustos são sempre bons e caprichados e o diretor Michael Chaves que dirigiu 3 filmes desse universo (“Invocação do Mal 3”, “A Freira 2” e “A Maldição da Chorona”) se esforça e até consegue geralmente criar sustos novos que talvez não assustem tanto, mas cumprem seu papel.
O maior problema do roteiro se encontra no clímax: não há nenhuma lógica que explique o que acontece no final, ao contrário dos outros filmes, onde o ritual era esclarecido e o público entendia como o espírito foi vencido. Aqui simplesmente acontece uma série de (boas) cenas de terror e, de repente, uma frase de efeito põe fim ao clímax.
“Invocação do Mal 4” é muito hype para pouco conteúdo, com o problema mais na propaganda do que no filme em si. Se o marketing fosse mais honesto e tivesse mais pé no chão, a expectativa podia ser mais assertiva.
Curiosidades:
- O criador da franquia, James Wan, aparece na cena do casamento no final. Nessa mesma cena, aparecem todos os personagens sobreviventes de todos os filmes da franquia.
- Apesar de ser o filme final de “Invocação do Mal” outros filmes do mesmo universo podem acontecer.
- O caso da família Smurl já foi um filme feito para TV em 1991 chamado “A Casa das Almas Perdidas”, inclusive com a presença dos personagens Ed e Lorraine Warren. Só que neste filme, os protagonistas eram a família.
Ficha Técnica:
Elenco:
Vera Farmiga
Patrick Wilson
Elliot Cowan
Ben Hardy
Beau Gadsdon
John Brotherton
Mia Tomlinson
Madison Lawlor
Kate Fahy
Shannon Kook
Rebecca Calder
Steve Coulter
Peter Wight
Kíla Lord Cassidy
Molly Cartwright
Direção:
Michael Chaves
História e Roteiro:
Ian Goldberg
Richard Naing
David Leslie Johnson-McGoldrick
James Wan
Produção:
Peter Safran
James Wan
Fotografia:
Eli Born
Trilha Sonora:
Benjamin Wallfisch