A indústria do cigarro está em festa. Desde o início de Hollywood, eles patrocinam diversas produções para colocar o cigarro na boca do elenco para mostrar como o cigarro é charmoso e um elemento cultural (faz parte do crescimento do ser humano do primeiro mundo). Na produção, sempre que podem, a dupla de protagonistas, Dakota Johnson e Chris Evans – que agora parece mais o Steve Rogers ANTES do super soro – estão com na mão e na boca (ambos artistas são fumantes de verdade), mostrando que a milionária indústria do tabaco está cada vez mais ousada por novos viciados.
Dakota Johnson (do vexame “Madame Teia”) é Lucy, uma casamenteira profissional e mulher materialista, que há alguns anos despachou seu antigo amor John (Chris Evans de “Operação Natal”), por ele ser pobre, conhece o ricaço Harry (Pedro Pascal de qualquer filme passando no cinema atualmente) e acaba ficando dividida entre o que ela quer e o que ela precisa.
A diretora Celine Song do excelente “Vidas Passadas” baseou o roteiro em suas próprias experiências como casamenteira profissional, que durou por 6 meses, quando se mudou para os EUA.
Provavelmente para tentar abraçar toda a complexidade da profissão, ele coloca uma série de discussões e subtramas que vão do machismo, misoginia, até a matemática das relações e dos encontros, passando pelo amor versus relação custo-benefício de um relacionamento.
Por mais interessantes que sejam todos os temas (e são de verdade), a diretora dilui a essência do filme em tantas discussões que o principal – a jornada emocional dos personagens – fica em segundo plano. Chega uma hora que fica até difícil perceber para onde o filme quer ir. O pior é que a trama que seria a principal – o triângulo amoroso – é resolvido de forma tão simples que nem chega a ser um conflito de verdade.
Para mérito da produção, acontece que a trama principal é justamente o raciocínio da protagonista que o dinheiro vem antes do amor. Porém, tal qual a inexplicabilidade do amor, essa trama é resolvida também da mesma forma, digamos, inexplicável, no bom sentido.
“Amores Materialistas” tem lá suas boas intenções, atuações razoáveis, é bom de conteúdo, mas é cansativo por querer falar de muitas coisas sem se deter em nada.
Curiosidades:
- A comemoração do 9º casamento arranjado por Lucy é de um casal cujos primeiros nomes são Charlotte e Peter. Provavelmente é uma piada interna com Charlotte Web (“A Teia de Charlotte”) e Peter Parker, ambos que são referências a seu papel anterior em “Madame Teia”.
- O nome de Celine Song aparece citada como uma das autoras da peça em que John atua. Detalhe: ela realmente escreveu essa peça há anos atrás e todos os diálogos que aparecem são reais.
- O apartamento de Lucy e de Harry foram filmados em apartamentos de verdade. O apartamento de John foi construído em estúdio.
- O personagem Mark P. que nunca é visto, mas apenas escutado por telefone foi interpretado por John Magaro que trabalhou com a diretora e “Vidas Passadas” e ficou amigo dela.
- A cena do casamento no início foi feita em 4 lugares diferentes porque estava difícil alugar um salão em Nova York naquela temporada, então a produção teve que dividir as filmagens.
- O primeiro trailer sofreu escrutínio de ONGs sobre saúde porque aparecia os personagens fumando. Então a Sony lançou um segundo trailer cortando as partes onde aparecia cigarro.
Ficha Técnica:
Elenco:
Dakota Johnson
Chris Evans
Pedro Pascal
Zoe Winters
Marin Ireland
Dasha Nekrasova
Emmy Wheeler
Louisa Jacobson
Eddie Cahill
Sawyer Spielberg
Joseph Lee
John Magaro
Direção:
Celine Song
História e Roteiro:
Celine Song
Produção:
Jorge Hernandez Aldana
David Hinojosa
Pamela Koffler
Christine Vachon
Cristina Velasco
Fotografia:
Shabier Kirchner
Trilha Sonora:
Daniel Pemberton